Um ex-policial rodoviário estadual de Massachusetts decidiu assumir a culpa por acusações federais ligadas a um escândalo de propina. O esquema facilitava a obtenção de carteiras de motorista comerciais (CDLs) – aquelas necessárias para dirigir caminhões e ônibus – para candidatos que, na verdade, tinham sido reprovados ou não completaram os testes corretamente.
Calvin Butner, um policial aposentado de 64 anos que mora em Halifax, foi uma das seis pessoas presas no ano passado por envolvimento no caso. A Procuradoria Federal de Massachusetts informou na terça-feira que ele se declarará culpado de nove acusações em uma audiência marcada para 7 de abril.
Butner é um dos quatro policiais estaduais (atuais ou ex-membros da corporação) acusados no esquema. Ele e outros três colegas da unidade responsável pelas CDLs são acusados de conspirar para dar um “jeitinho” para pelo menos 17 candidatos entre maio de 2019 e janeiro de 2023, independentemente de terem passado ou não nos exames. Segundo a investigação, eles até usavam uma palavra-código, “golden” (dourado), em mensagens de texto para identificar esses candidatos favorecidos.
As acusações que Butner vai admitir incluem: conspiração para falsificar registros, falsificação de registros (com cumplicidade) e fazer declarações falsas.
Ainda que a sentença final dependa do juiz federal, as acusações são sérias. A conspiração e a falsificação de registros podem render até 20 anos de prisão cada, além de liberdade vigiada e multa de até US$ 250.000. Já as declarações falsas podem levar a até cinco anos de prisão, mais liberdade vigiada e multas no mesmo valor.
É bom lembrar que a CDL é essencial para operar veículos pesados como carretas, caminhões e ônibus escolares. Os testes são rigorosos justamente para garantir a segurança de todos nas estradas. A Procuradoria explicou que, embora os testes sigam regras federais, são os estados que aplicam as provas e emitem as licenças.
“O teste da CDL é exigente e feito pessoalmente. O candidato precisa mostrar que conhece bem os veículos comerciais, fazer manobras específicas e dirigir com segurança em vias públicas, incluindo rodovias”, destacou a Procuradoria. As notas dadas pelos policiais da unidade de CDL eram cruciais para o Departamento de Veículos Motorizados (RMV) de Massachusetts liberar ou não as carteiras.
Quando o esquema foi descoberto no ano passado, o próprio RMV de Massachusetts identificou mais de 20 motoristas que provavelmente conseguiram suas licenças sem terem passado nos testes de forma correta.
Outra pessoa envolvida no caso, Eric Mathison (um dos dois civis acusados), já se declarou culpado no mês passado por conspiração para cometer extorsão. Ele admitiu ter subornado o ex-sargento Gary Cederquist, que era o chefe da unidade de CDL, dando a ele produtos de graça da empresa de água onde trabalhava, como caixas de água importada (Fiji, VOSS, Essentia), chás gelados e outros produtos.
Foto: CDL