A Blue Cross Blue Shield, maior operadora de planos de saúde comerciais de Massachusetts, anunciou que vai deixar de cobrir medicamentos para perda de peso a partir de 1º de janeiro. A decisão foi tomada por causa do aumento expressivo nos custos, que têm pressionado tanto a operadora quanto os empregadores.
A mudança afeta uma classe de medicamentos conhecidos como GLP-1, como Wegovy, Ozempic, Mounjaro, Zepbound e Saxenda, que vêm sendo amplamente prescritos para emagrecimento. A cobertura será mantida apenas quando esses remédios forem utilizados no tratamento de diabetes.
Empresas com mais de 100 funcionários ainda poderão optar por manter a cobertura para perda de peso, mas terão que pagar um valor adicional nos planos de saúde. Isso pode resultar em aumento nos custos para os próprios empregados, dependendo do plano.
Segundo a Blue Cross, cerca de 50 mil dos seus 3 milhões de clientes usam medicamentos GLP-1, sendo 80% deles para emagrecimento. Sem a cobertura, o custo médio mensal desses remédios pode chegar a US$ 1.200 por pessoa.
O impacto financeiro é significativo. Em 2024, a Blue Cross gastou mais de US$ 300 milhões com esses medicamentos — o dobro do que havia gasto no ano anterior. Esse valor representou quase 20% de todo o gasto com medicamentos da empresa e cerca de um terço do aumento total de custos no setor.
A decisão da Blue Cross ocorre em um momento em que diversas operadoras enfrentam dificuldades semelhantes. A Point32Health, segunda maior do estado e responsável pelos planos Harvard Pilgrim e Tufts Health Plan, ainda não anunciou restrições, mas já indicou que pretende limitar a cobertura a um único medicamento a partir de julho.
Do lado dos empregadores, muitos também estão sentindo o peso financeiro. Alguns já optaram por não cobrir os remédios para emagrecimento em seus planos de saúde corporativos. Por outro lado, representantes de pequenas empresas veem a decisão da Blue Cross como positiva, por dar mais liberdade de escolha e ajudar a conter os custos dos planos.
A discussão sobre os altos custos dos medicamentos ocorre em meio ao aumento geral dos gastos com saúde. Em 2023, os custos com saúde em Massachusetts subiram 8,6%, mais que o dobro da meta estadual, com os remédios sendo o item de maior crescimento.
Mesmo com a justificativa de que esses medicamentos trazem benefícios à saúde e podem prevenir doenças no longo prazo, os custos imediatos têm gerado preocupação entre operadoras, empregadores e autoridades de saúde.
Aqueles que já usam os remédios e têm bons resultados, como o professor Sean O’Reilly, temem não conseguir manter o tratamento. Ele perdeu 34 kg desde que começou a usar Wegovy e teme que, sem a cobertura, não consiga continuar o uso.
Com a mudança, a expectativa é que mais pessoas tenham que arcar do próprio bolso com os altos custos desses medicamentos, a menos que seus empregadores optem por manter a cobertura.
Foto: George Frey/Bloomberg