A Câmara dos Deputados de Massachusetts aprovou nesta quarta-feira, uma proposta que impede estudantes de participarem de equipes esportivas escolares de um gênero diferente do seu sexo de nascimento. No entanto, a medida só poderá entrar em vigor após uma análise detalhada do impacto da política por parte do estado.
A proposta foi incluída discretamente em um pacote de gastos de US$ 1,3 bilhão, aprovado sem votação nominal. Embora o texto não mencione diretamente atletas transgêneros, o tema está no centro de uma discussão nacional sobre inclusão e equidade no esporte escolar.
O deputado estadual John Gaskey, republicano de Carver, foi o autor da emenda original, que propunha proibir “um estudante do sexo masculino de participar de uma equipe feminina” e vice-versa. No entanto, o deputado Ken Gordon, democrata de Bedford, apresentou uma modificação exigindo que o Departamento de Educação do estado conduza um estudo antes que qualquer mudança entre em vigor. Esse estudo deve incluir uma análise de segurança e recomendações que só poderão ser implementadas com nova legislação.
Gordon defendeu que o tema é complexo e merece ser debatido com mais profundidade, com base em dados e ouvindo a população. “É uma questão que envolve leis federais e estaduais, e pessoas têm opiniões fortes dos dois lados. Precisamos de uma audiência pública antes de tomar qualquer decisão definitiva”, afirmou.
Gaskey, por outro lado, criticou a mudança e disse que a exigência de um estudo é uma forma de “enterrar” a proposta. “Já sabemos como isso afeta os estudantes. Cada atleta deve jogar na equipe correspondente ao sexo com o qual nasceu. Não precisamos de estudo, precisamos de ação”, declarou.
A proposta gerou forte reação de grupos LGBTQ+. Joshua Croke, presidente da organização Love Your Labels, com sede em Worcester, disse que o avanço dessa medida em Massachusetts é preocupante. “Muita gente acha que estamos seguros aqui, mas esse tipo de proposta mostra que não podemos baixar a guarda”, afirmou.
Tanya Neslusan, diretora da MassEquality, também criticou a decisão: “O governo federal já está atacando a comunidade trans. O que menos precisamos agora é que nossos legisladores locais se juntem a isso, tratando estudantes trans como alvos.”
A medida ocorre em meio a uma onda de políticas semelhantes em outros estados, impulsionadas por uma ordem executiva do presidente Donald Trump, que proíbe atletas trans de competirem em equipes que não correspondam ao seu sexo biológico. Maine, por exemplo, entrou com uma ação contra o governo federal após ter verbas educacionais suspensas por não seguir essa diretriz.
A proposta ainda precisa passar por outras etapas legislativas e, por enquanto, depende da realização do estudo estadual. Mesmo assim, o debate acendeu um alerta para a comunidade LGBTQ+ e defensores da inclusão, que temem retrocessos nos direitos conquistados em Massachusetts.
Foto: Suzanne Kreiter/Equipe Globe