WASHINGTON, D.C. — Na primavera de 2011, Jeffrey Epstein buscava se afastar de problemas legais e evitar novas consequências. Recentemente, tabloides o haviam flagrado em público, enquanto tentava retornar aos antigos círculos sociais. Sensível ao que era divulgado sobre ele, Epstein trocava e-mails com funcionários a respeito de notícias negativas. Na época, Donald Trump, então estrela do reality show “The Apprentice”, falava publicamente sobre uma possível candidatura à presidência.
Em um dos e-mails de abril de 2011, Epstein escreveu à sua associada Ghislaine Maxwell:
“Quero que você perceba que esse cão que não latiu é o Trump… [VÍTIMA] passou horas na minha casa com ele, ele nunca foi mencionado. Chefe de polícia, etc. Estou 75% lá.”
Ghislaine respondeu: “Tenho pensado sobre isso.”
Nesta quarta-feira, republicanos do Comitê de Supervisão da Câmara afirmaram na rede X que a vítima mencionada na troca de e-mails era Virginia Roberts Giuffre, recrutada por Ghislaine Maxwell aos 16 anos, enquanto trabalhava como atendente de spa em Mar-a-Lago, no ano 2000.
Quando Epstein enviou o e-mail em 2011, Giuffre havia acabado de se manifestar publicamente sobre suas experiências, relatando a um tabloide britânico que foi abusada e traficada por Epstein, além de fornecer uma foto conhecida ao lado do Príncipe Andrew e de Maxwell.
Em 2016, Giuffre foi questionada em um processo civil se Trump havia testemunhado abuso sexual de menores na casa de Epstein e respondeu: “Não acho que Donald Trump tenha participado de algo.” Um representante da família de Giuffre se recusou a comentar.
Em abril deste ano, Virginia Giuffre cometeu suicídio na Austrália, aos 41 anos.
Logo após, republicanos da Câmara divulgaram mais de 20 mil páginas de documentos de Jeffrey Epstein, incluindo uma vasta coleção de e-mails e mensagens trocadas ao longo de vários anos.
Em publicação nas redes sociais, Donald Trump afirmou que os democratas estavam levantando a “farsa” de Epstein para desviar a atenção da paralisação do governo. Já os republicanos da Câmara disseram que os e-mails compartilhados pelos democratas revelaram pouca informação relevante.
Foto: Arquivo pessoal
