As relações entre Estados Unidos e Canadá atingem um novo nível de tensão após um político canadense, Charlie Angus, classificar como “ato de guerra” os comentários do presidente Donald Trump sobre o Canadá ser o “51º estado” americano e a imposição de tarifas sobre produtos canadenses. A declaração de Angus, membro do Partido Novo Democrata (liberal), dada em entrevista à rede MeidasTouch, reflete o crescente descontentamento canadense com as políticas de Trump.
“Quando você diz que alguém não tem o direito de ter um país, isso é um ato de guerra”, afirmou Angus, criticando também a postura de Trump em relação a acordos comerciais. Segundo ele, os canadenses “responderam à altura”, referindo-se ao boicote a produtos americanos.
A polêmica em torno da expressão “51º estado” surgiu após a eleição de Trump em novembro de 2024. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, explicou que a frase teve origem em uma conversa entre Trump e o então primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau. Na ocasião, Trudeau teria afirmado que o Canadá não sobreviveria como nação se os EUA impusessem tarifas, ao que Trump teria respondido que o país deveria, então, se tornar um estado americano.
Rubio, durante uma viagem ao Canadá para a Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G7, minimizou a questão, afirmando que se tratava de uma discordância entre Trump e o governo canadense, e que o assunto não foi discutido na reunião.
A situação se agrava com a imposição de tarifas por parte de Trump. Em março, o presidente americano taxou em 25% as importações de aço e alumínio de todos os países. O Canadá, em particular, enfrentará uma tarifa de 25% sobre todos os produtos importados a partir de 2 de abril. Essas medidas desencadearam boicotes a produtos americanos no Canadá.
Angus destacou o impacto econômico do boicote canadense, afirmando que uma queda de 10% nas viagens de canadenses aos EUA poderia custar 140.000 empregos americanos.
Em entrevista à Fox News, Trump defendeu suas políticas, argumentando que os EUA subsidiam o Canadá em US$ 200 bilhões por ano e que não precisam dos produtos canadenses, como carros, madeira e energia. “O Canadá deveria ser o 51º estado”, reiterou.
O acirramento das tensões entre os dois países vizinhos ocorre em um contexto de mudanças políticas no Canadá. Justin Trudeau renunciou ao cargo de primeiro-ministro em janeiro, e Mark Carney, eleito líder do Partido Liberal, assumiu o posto em março. O futuro das relações EUA-Canadá, diante desse cenário, permanece incerto.
Foto: Internet