O presidente Donald Trump voltou a defender uma proposta polêmica: retomar a construção de um gasoduto para levar gás natural da Pensilvânia até a região da Nova Inglaterra, com a promessa de reduzir drasticamente os custos de energia para as famílias. Segundo ele, o projeto — conhecido como Constitution Pipeline — poderia gerar uma economia de até US$ 5 mil por família. Mas especialistas e autoridades locais dizem que a realidade é bem mais complexa.
O gasoduto foi originalmente proposto em 2012, aprovado por órgãos federais em 2014, mas acabou sendo abandonado em 2020 após enfrentar forte oposição ambiental, entraves regulatórios e aumento de custos. Agora, com Trump novamente na presidência e priorizando combustíveis fósseis, o projeto voltou ao centro das discussões.
Entretanto, governadores de estados do Nordeste, como Massachusetts, têm priorizado fontes de energia limpa e metas de redução de emissões de carbono. A governadora Maura Healey, por exemplo, apresentou recentemente um plano de energia que promete economizar US$ 10 bilhões aos consumidores nos próximos 10 anos — sem incluir aumento no uso de gás natural.
Autoridades afirmam que o problema dos altos preços da energia na região se concentra em poucos dias do ano, o que não justificaria a construção de um gasoduto bilionário. “Você não constrói um gasoduto gigante para sete dias de pico de preço”, disse Rebecca Tepper, secretária de Assuntos Ambientais de Massachusetts.
Mesmo assim, Trump insiste que a construção do gasoduto é essencial para garantir segurança energética e preços mais baixos. No início de seu mandato atual, ele declarou emergência nacional para expandir a produção de petróleo, carvão e gás natural, além de suspender novos projetos de energia eólica offshore — o que gerou processos por parte de 17 estados, incluindo Massachusetts.
A retomada do projeto ainda depende de apoio político e da demanda de consumidores e empresas. A empresa responsável pelo gasoduto, Williams Cos., não comentou oficialmente, mas o Departamento de Energia dos EUA afirmou que expandir a infraestrutura de gás é uma prioridade.
Especialistas apontam que, mesmo que o projeto seja retomado, levaria de três a cinco anos para ser concluído, exigindo ainda ajustes em outras infraestruturas. E, segundo estudos, aumentar a capacidade de gasodutos não tem garantido queda nos preços da energia nos últimos anos.
Ainda assim, com o aumento dos custos de energia e as mudanças políticas em Washington, o tema voltou a ganhar força — mesmo que a solução esteja longe de ser simples.
Foto: Alex Brandon/Associated Press