Carrapatos se espalham pelos EUA, levam doenças perigosas e exigem atenção redobrada

Com os invernos cada vez mais amenos em várias partes dos Estados Unidos, os carrapatos estão se expandindo para áreas onde antes não conseguiam sobreviver. Especialistas alertam que esse avanço está trazendo riscos sérios à saúde pública, com o aumento de casos de doenças transmitidas por esses parasitas.

Segundo Ben Hottel, entomologista da empresa de controle de pragas Orkin, o clima mais quente permite que os carrapatos fiquem ativos por mais tempo e se desloquem para regiões antes consideradas frias demais para sua sobrevivência. “Carrapatos preferem climas mais quentes, e agora conseguem se manter ativos por mais tempo e alcançar novas áreas”, explicou.

Um dos principais exemplos é o carrapato-de-pernas-pretas, também conhecido como carrapato-do-veado, que transmite a doença de Lyme — comum no Nordeste, Meio-Oeste e região dos Apalaches. Mas ele não está sozinho. Nos últimos 15 anos, o número de espécies de carrapatos consideradas preocupantes nos EUA subiu de uma para cinco, segundo pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio.

Além da doença de Lyme, outras enfermidades graves estão ganhando espaço. O carrapato estrela-solitária, por exemplo, pode causar a síndrome alfa-gal, uma condição que desencadeia uma alergia à carne vermelha. Já o carrapato-americano-do-cão pode transmitir febre maculosa, tularemia e até causar paralisia temporária. Seu “primo”, o carrapato-das-montanhas-rochosas, oferece riscos semelhantes em regiões de maior altitude.

Yetrib Hathout, diretor do Centro de Doenças Transmitidas por Carrapatos da Universidade de Binghamton, em Nova York, destaca que “os carrapatos estão ativos sempre que a temperatura passa dos 4°C, o que significa que o período de risco está cada vez mais longo”.

Outro fator que contribui para a disseminação dos carrapatos é o avanço de áreas urbanas sobre habitats naturais, o que facilita o contato entre humanos e esses parasitas. Os carrapatos localizam seus hospedeiros detectando calor corporal, respiração, odores e até sombras. Eles não voam nem pulam, mas ficam à espreita na ponta de gramíneas e arbustos, esperando o momento certo para se prender a um corpo em movimento — comportamento conhecido como “questing”.

Diante desse cenário, especialistas recomendam medidas simples, mas eficazes: usar roupas compridas ao caminhar em áreas verdes, aplicar repelentes específicos e sempre verificar o corpo após atividades ao ar livre. A vigilância constante e o conhecimento sobre as espécies mais perigosas são essenciais para prevenir doenças graves.

“A conscientização é o primeiro passo para se proteger das doenças transmitidas por carrapatos”, reforçou Hottel.

Foto: iStock

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