A cidade e o condado de Los Angeles deram um passo importante nesta terça-feira ao solicitar formalmente a entrada em um processo federal contra o governo do presidente Donald Trump. O objetivo é barrar as operações de imigração em larga escala que vêm causando medo e tensão nas comunidades latinas do sul da Califórnia.
A ação judicial foi iniciada na semana passada pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) do Sul da Califórnia, junto com outras organizações. A acusação é de que agentes federais, incluindo o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) e a Patrulha de Fronteira, estariam usando táticas de perfil racial, realizando prisões sem mandado, negando acesso a advogados e mantendo os detidos em condições precárias.
Além de Los Angeles, outras oito cidades do condado — como Santa Monica, Pasadena e West Hollywood — também pediram para se juntar ao processo. “Essas batidas e prisões inconstitucionais não podem continuar. Elas não podem se tornar o novo normal”, declarou Hydee Feldstein Soto, procuradora da cidade, durante uma coletiva de imprensa.
O pedido judicial veio um dia após uma ação que chocou a população: agentes federais fortemente armados, acompanhados por tropas da Guarda Nacional, marcharam pelo MacArthur Park, no centro de Los Angeles. A prefeita Karen Bass criticou duramente a operação. “Não precisamos de agentes federais desfilando em formação militar e sem fazer nada de produtivo”, afirmou.
Desde 6 de junho, vídeos nas redes sociais mostram agentes mascarados e armados detendo imigrantes em locais públicos como lava-rápidos, estacionamentos e pontos de ônibus. Segundo os advogados das cidades, essas ações rompem com mais de 70 anos de práticas de imigração na região, que antes se baseavam em mandados legais e alvos específicos, sem causar pânico generalizado.
As autoridades locais também alertam para os impactos econômicos da ofensiva migratória. Segundo elas, o medo gerado pelas operações tem afastado moradores de atividades cotidianas, como ir ao trabalho ou fazer compras, o que afeta diretamente a arrecadação de impostos e o comércio local. Além disso, há aumento nos custos com segurança pública, já que muitas ligações para o 911 relatam supostos sequestros que, na verdade, são ações de imigração.
“Estamos entrando com essa ação pelos danos causados à nossa jurisdição — não apenas pelo que está acontecendo com nossos cidadãos, mas também com nossa economia, segurança pública e ordem social”, explicou Feldstein Soto.
O movimento das cidades acontece um dia após os procuradores-gerais da Califórnia e de outros 17 estados apresentarem um documento em apoio ao processo, reforçando a pressão contra as ações do governo federal.
Foto: Mark Abramson para o The New York Times
Fonte: The New York Times