Por Giulia McDonnell, Nieto del Rio, Nick Stoico e Matt Stout – Globe Staff
A intensificação das operações do Immigration and Customs Enforcement (ICE) em Massachusetts tem provocado medo generalizado entre comunidades imigrantes, especialmente após relatos de que agentes federais estariam direcionando a fiscalização para vans de trabalhadores. A nova fase da ação, batizada de “Patriot 2.0” pelo Departamento de Segurança Interna (DHS), foi deflagrada neste fim de semana e já deixou famílias inteiras sem notícias de parentes detidos.
Segundo o DHS, a operação mira “os piores dos piores”, mas registros da primeira etapa, em maio, apontam que quase metade dos 1.500 imigrantes detidos na região de Boston não tinha antecedentes criminais, sendo classificados como “prisões colaterais” pelo governo.
O chamado “czar da fronteira” da administração Trump, Tom Homan, declarou à Boston 25 News que a presença do ICE em Massachusetts deve ser permanente. Ele também indicou esforços para ampliar a cooperação com departamentos de polícia locais, especialmente em cidades consideradas “santuário”.
As ações provocaram duras críticas de autoridades estaduais. A governadora Maura Healey afirmou que as operações apenas “minam o trabalho da polícia local” e classificou a medida como uma tentativa de criar “teatro político”. A senadora estadual Karen E. Spilka lembrou a prisão de um adolescente em Milford, no caminho para o treino de vôlei da escola, como exemplo do impacto negativo sobre a comunidade imigrante. Já o presidente da Câmara estadual, Ron Mariano, condenou a atuação de agentes mascarados, que aumentam a sensação de insegurança.
A prefeitura de Boston também entrou em confronto direto com o governo federal. Em nota, o DHS acusou a prefeita Michelle Wu de adotar políticas de “santuário” que protegeriam criminosos. Wu rebateu dizendo que não permitirá que a polícia local seja usada para apoiar “uma agenda de deportação em massa”.
Organizações comunitárias relatam um aumento expressivo de denúncias de atividades do ICE em cidades como Lynn, Saugus, Everett, Lowell e New Bedford. Adrian Ventura, diretor do Centro Comunitário de Trabalhadores, afirmou que agentes têm parado vans de trabalhadores após o expediente. Já a rede LUCE Immigration Justice Network registrou um salto nas ligações de residentes relatando avistamentos de agentes federais.
“A comunidade está paranoica, porque vê imigração em todos os lugares”, disse Ventura. Para a ativista Jaya Savita, da Asian Pacific Islanders Civic Action Network, trata-se de “uma demonstração de força” que terá efeitos duradouros nos próximos anos.
Foto: Boston Globe
Fonte: Boston Globe