Por Phil Stewart e Idrees Ali – Reuters
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos está tomando medidas disciplinares rápidas contra militares que fizeram postagens em redes sociais relacionadas ao assassinato do ativista conservador Charlie Kirk. Segundo autoridades americanas, a ordem é de “tolerância zero” para aqueles que demonstraram apoio ou fizeram piadas sobre a morte de Kirk, ocorrida na semana passada durante um evento ao ar livre na Utah Valley University.
Embora o Pentágono não tenha divulgado o número exato de militares já punidos, uma fonte do governo afirmou à Reuters que a quantidade pode chegar a dezenas. A iniciativa faz parte de uma ofensiva determinada pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, que tinha relação pessoal com Kirk.
Charlie Kirk, de 31 anos, era uma figura conhecida do meio conservador e aliado do presidente Donald Trump, mas não ocupava cargo oficial no governo ou nas Forças Armadas. Mesmo assim, especialistas jurídicos e autoridades ressaltam que militares americanos têm direitos de liberdade de expressão mais restritos do que civis, podendo ser punidos por comentários públicos que violem o Código Uniforme de Justiça Militar, especialmente em relação à “ordem e disciplina”.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, afirmou em publicação na rede X, compartilhada por Hegseth: “NÃO vamos tolerar quem celebra ou zomba do assassinato de um compatriota americano no Departamento de Guerra”. Ele classificou esse comportamento como uma violação do juramento militar e incompatível com o serviço nas Forças Armadas.
O presidente Trump ordenou que o Departamento de Defesa passe a se chamar Departamento de Guerra, mudança que ainda depende de aprovação do Congresso.
Procurados pela Reuters, Exército, Marinha e Fuzileiros Navais não responderam sobre possíveis punições a militares. Já a Força Aérea informou que, à medida que os comandantes identificam condutas inadequadas, estão tomando as medidas administrativas e disciplinares cabíveis.
Três autoridades americanas, sob anonimato, relataram que as punições já aplicadas incluem afastamento de funções e advertências, sem casos conhecidos de desligamento definitivo até o momento, embora essa possibilidade não esteja descartada.
A professora Rachel VanLandingham, ex-advogada da Força Aérea e atualmente na Southwestern Law School, destacou que os militares têm pouca proteção legal nesses casos. Ela relatou que um militar ativo chegou a revisar e apagar postagens de 20 anos nas redes sociais para evitar problemas com a atual administração.
Matthew Lohmeier, subsecretário da Força Aérea, anunciou que pretende processar e afastar um sargento na Flórida por comentários sobre Kirk e Trump, defendendo investigação de toda a cadeia de comando envolvida.
Especialistas alertam que a repressão pode gerar um efeito inibidor, levando militares a evitar qualquer manifestação online que possa ser interpretada como crítica ao governo. Uma autoridade reconheceu esse “efeito assustador”, mas reforçou que os militares devem ter cautela ao se expressar publicamente, especialmente em tempos de forte polarização política.
Foto: REUTERS/Ken Cedeno
Fonte: Reuters