Por Alana Wise – NPR
Os organizadores dos protestos “No Kings” estimam que milhões de americanos devem sair às ruas neste sábado para manifestar contra as políticas do governo Trump. A mobilização ocorre em meio a prisões realizadas pelo ICE e ao envio de tropas da Guarda Nacional para cidades administradas por democratas em diferentes regiões dos Estados Unidos.
Segundo Lisa Gilbert, copresidente do grupo de defesa do consumidor Public Citizen, que está entre os organizadores do movimento, o objetivo é unir forças em defesa da democracia e das comunidades. “Estamos aqui para mostrar solidariedade, nos organizar, defender nossa democracia e proteger uns aos outros. Chega de abusos”, afirmou Gilbert.
A onda de protestos ganhou força após episódios recentes, como as manifestações que aconteceram em junho, quando milhões de pessoas foram às ruas em mais de 2 mil eventos pelo país, segundo estimativas dos próprios organizadores. Na ocasião, as manifestações coincidiram com o aniversário de 250 anos do Exército e o aniversário do presidente Trump, que celebrou a data com um grande desfile militar — atitude criticada por opositores, que viram na ação uma tentativa de exaltar o presidente tanto quanto as Forças Armadas.
Os protestos deste fim de semana têm como foco denunciar injustiças contra imigrantes suspeitos de estarem em situação irregular, além de críticas ao sistema de saúde, tentativas de manipulação eleitoral e outras insatisfações. No site do movimento, os organizadores afirmam: “O presidente acha que seu poder é absoluto. Mas, na América, não temos reis e não vamos recuar diante do caos, corrupção e crueldade”.
A reação da Casa Branca foi de desdém. Questionada sobre as manifestações e as acusações de comportamento autoritário por parte de Trump, a porta-voz Abigail Jackson respondeu: “Quem se importa?”, sem fazer outros comentários.
Entre os críticos, alguns republicanos classificaram os protestos como antiamericanos. O presidente da Câmara, Mike Johnson, chegou a chamar o movimento de “comício de ódio à América”.
A professora assistente de Políticas Públicas e socióloga de Harvard, Liz McKenna, avalia que movimentos desse porte já foram capazes de promover mudanças sociais, mas sua eficácia tem diminuído nas últimas décadas. “Ainda nem completamos um ano de governo Trump, e a estratégia dos organizadores é mostrar que não vão recuar”, disse McKenna. Ela pondera, no entanto, que protestos recentes de grande escala, como o Black Lives Matter e a Marcha das Mulheres, apesar de sua visibilidade, não necessariamente resultaram em mudanças duradouras.
A expectativa dos organizadores é superar o número de participantes das manifestações anteriores, reforçando a pressão contra o governo e suas políticas.
Foto: Ringo Chiu/AFP via Getty Images
Fonte: NPR