Vacinas de mRNA contra Covid-19 aumentam sobrevida de pacientes com câncer, aponta estudo

Por Mark Johnson – Washington Post

Um estudo realizado por pesquisadores do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, e da Universidade da Flórida, revelou que vacinas de mRNA contra a Covid-19 proporcionaram um benefício adicional a pacientes com câncer, prolongando significativamente a sobrevida daqueles que recebiam imunoterapia para câncer de pulmão e melanoma, um tipo de câncer de pele.

A análise retrospectiva avaliou os prontuários de mais de mil pacientes do MD Anderson que já estavam em tratamento com imunoterapia para câncer de pulmão avançado e melanoma. Os resultados mostraram que pacientes vacinados com imunizantes de mRNA contra o coronavírus apresentaram uma mediana de sobrevida de 37,3 meses, quase o dobro dos 20,6 meses registrados entre os não vacinados. Pacientes com melanoma metastático também tiveram ganhos semelhantes.

Segundo Adam Grippin, autor principal do estudo publicado na revista Nature, os dados são animadores, mas ainda precisam ser confirmados em um ensaio clínico de Fase III, que já está em fase de planejamento e deve começar a recrutar participantes até o fim do ano.

A pesquisa sugere que as vacinas de mRNA, além de protegerem contra a Covid-19, podem estimular o sistema imunológico a combater o câncer de forma mais eficiente. O mecanismo exato desse efeito ainda não está totalmente esclarecido, mas pode estar relacionado ao papel fundamental do RNA na evolução da vida e à forte resposta imune desencadeada quando moléculas de RNA externas entram no organismo.

Apesar do potencial, o desenvolvimento de vacinas de mRNA enfrenta desafios nos Estados Unidos. Em agosto, o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., anunciou o fim de quase US$ 500 milhões em investimentos federais nesse tipo de vacina, alegando que os dados não comprovaram eficácia suficiente contra infecções respiratórias como Covid-19 e gripe. Cientistas, no entanto, contestam essa decisão.

O estudo também envolveu experimentos em laboratório com modelos de camundongos, que confirmaram que a combinação de imunoterapia e vacina de mRNA desacelera o crescimento de tumores. Pesquisadores como Katalin Kariko, vencedora do Nobel de Medicina de 2023 pelo desenvolvimento das vacinas de mRNA, destacam que há cerca de 150 ensaios clínicos em andamento no mundo, muitos deles voltados para o tratamento de diferentes tipos de câncer.

Para os autores, o fato de as vacinas de mRNA não precisarem ser personalizadas para cada paciente representa um avanço importante, já que vacinas individualizadas exigem análise genética detalhada do tumor, um processo demorado e caro.

O estudo foi financiado pelo Instituto Nacional do Câncer dos EUA e diversas fundações, e os pesquisadores esperam que os resultados incentivem a retomada dos investimentos em vacinas de mRNA para o tratamento do câncer.

Foto: Hannah Beier/Reuters

Fonte: Washington Post

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