Nesta sexta-feira, 31 de outubro de 2025, circulam relatos e apurações de que o ICE estaria usando um aplicativo de reconhecimento facial chamado Mobile Fortify, que permite aos agentes apontar o celular para o rosto ou dedos de uma pessoa e verificar instantaneamente se seus dados constam em bancos governamentais.
O que sabemos até agora
• O aplicativo Mobile Fortify foi revelado em reportagens com base em e-mails vazados e documentos internos. Ele integra bases como a do U.S. Customs and Border Protection (CBP), o sistema biométrico do Department of Homeland Security (DHS) e outros bancos de dados de imigração.
• Em 11 de setembro de 2025, senadores enviaram carta ao diretor interino do ICE solicitando explicações, onde questionaram quem desenvolveu o app, desde quando está em uso, se foram feitos testes para verificar a acurácia, e pediram se o órgão se compromete a parar o uso.
• Organizações de direitos civis também se manifestaram, condenando o uso dessa tecnologia para abordagens em campo por agentes de imigração, em especial por risco de erro, viés e violação de privacidade.
• Reportagens recentes (outubro de 2025) revelam que o ICE ampliou contratos de vigilância, incluindo reconhecimento facial, vigilância de dispositivos móveis e outras tecnologias, como parte de um pacote de gastos elevado, o que sugere que o app não seja único ou isolado.
O que não está comprovado
• Embora haja evidências de que o app exista e está sendo usado, não há documentação pública oficial clara de que o ICE tenha implementado uma política nacional generalizada de “andar nas ruas escaneando rostos de todos” como se fosse rotina diária em toda jurisdição.
• O ICE não divulgou todos os dados solicitados pelos senadores. Por exemplo, não há, pelo menos publicamente, confirmação detalhada de todos os locais ou frequência do uso.
• Ainda falta saber detalhadamente: quais salvaguardas (procedimentos legais, relatórios de erro, supervisão) estão em vigor; qual o grau de acerto e erro do sistema; e quanta parte do uso se limita a fronteiras vs. operações domésticas em zonas urbanas.
Por que isso importa
O uso de reconhecimento facial em operações de imigração e policiamento toca diretamente em direitos constitucionais nos EUA: a proteção contra buscas e apreensões sem motivo (Fourth Amendment), a liberdade de expressão e associação (First Amendment), e o risco de viés (erros mais frequentes para pessoas de cor ou de comunidades vulneráveis).
Para comunidades de imigrantes, especialmente as latinas e brasileiras nos EUA, o uso de tal tecnologia pode aumentar a sensação de vigilância constante, de abordagens mais agressivas e de risco de erro ou abuso.
O cenário atual indica que o aplicativo existe e estaria sendo utilizado, mas o alcance, as regras e as limitações do uso ainda estão sob investigação. A situação exige transparência das autoridades e debate público sobre os limites éticos e legais da vigilância biométrica em solo americano.
Reportagem em atualização.







