Trump concede perdão a Giuliani e aliados envolvidos em tentativa de reverter eleição de 2020

Por Jeremy Roebuck – The Washington Post

O presidente Donald Trump concedeu perdão a Rudy Giuliani e a outros aliados que participaram de esforços para reverter o resultado da eleição presidencial de 2020. A informação foi confirmada por um representante do Departamento de Justiça dos Estados Unidos na noite de domingo. Apesar do gesto, nenhum dos mais de 75 nomes incluídos na lista enfrenta acusações federais, embora alguns tenham sido processados em estados como Geórgia, Arizona, Michigan, Wisconsin e Nevada, por suposto envolvimento em esquemas para apresentar delegados eleitorais falsos durante a certificação do resultado eleitoral pelo Congresso.

Como presidente, Trump não tem autoridade para perdoar crimes estaduais, o que limita o impacto prático da medida. Ainda assim, o perdão coletivo foi direcionado a figuras que estiveram sob investigação de promotores locais, comissões do Congresso e órgãos de classe, sinalizando que o novo mandato de Trump seguirá focado em alegações infundadas de fraude eleitoral.

Em comunicado, a Casa Branca afirmou que a decisão representa o fim de uma “grave injustiça nacional” e faz parte de um processo de reconciliação. A porta-voz Karoline Leavitt criticou o governo Biden, alegando perseguição política contra quem questionou o resultado eleitoral, e comparou a situação a regimes autoritários.

Entre os beneficiados pelo perdão estão Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado de Trump durante a disputa eleitoral; Mark Meadows, ex-chefe de gabinete; os advogados conservadores Sidney Powell, Jenna Ellis e John Eastman; Jeffrey Clark, ex-funcionário do Departamento de Justiça; e Boris Epshteyn, conselheiro político e jurídico de Trump. O texto do perdão também se estende a qualquer cidadão americano envolvido no esquema dos delegados falsos ou em ações relacionadas à contestação do resultado de 2020.

O perdão, no entanto, não se aplica ao próprio Trump. Ele já declarou acreditar ter poder para se perdoar, mas essa tese nunca foi testada judicialmente.

Ed Martin, advogado responsável pelo anúncio dos perdões e líder de um grupo de trabalho do Departamento de Justiça, justificou a decisão com críticas ao voto por correio, à cobertura da mídia e ao papel das redes sociais na eleição de 2020. Ele também argumentou que os estados não teriam competência para processar crimes ligados ao esquema dos delegados falsos, tese já rejeitada por tribunais estaduais.

Apesar de investigações e decisões judiciais não terem encontrado fraudes generalizadas na eleição de 2020, Martin insistiu que o processo eleitoral foi prejudicado e que os americanos foram impedidos de debater o tema.

Ty Cobb, ex-advogado da Casa Branca e crítico de Trump, afirmou que os perdões refletem a obsessão do presidente com a eleição de 2020 e servem para tentar reescrever a história dos eventos de 6 de janeiro.

Trump é o único a ter enfrentado acusações federais por tentar subverter o resultado eleitoral, mas essas acusações foram retiradas após decisão da Suprema Corte que reconheceu imunidade presidencial e após sua vitória na eleição de 2024. O Departamento de Justiça não pode processar um presidente em exercício.

Giuliani, que perdeu o direito de advogar em Nova York e Washington, também foi condenado em um processo de difamação movido por ex-funcionárias eleitorais da Geórgia. Já Jeffrey Clark agradeceu o perdão em uma rede social, mas afirmou que ainda enfrenta risco de perder sua licença para advogar.

Alguns parlamentares republicanos elogiaram a decisão, enquanto aliados de Trump pediram que outros envolvidos em processos estaduais também sejam beneficiados. O advogado Ed Martin afirmou nas redes sociais que novos pedidos de perdão estão sendo analisados.

Foto: Daniel Torok/White House

Fonte: The Washington Post

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