Por Siddharth Cavale – Reuters
A Black Friday deste ano nos Estados Unidos deve atrair um número inédito de consumidores às lojas, mas muitos deles devem gastar menos do que em anos anteriores devido à alta dos preços e à redução das promoções. Segundo projeção da National Retail Federation (NRF), cerca de 186,9 milhões de pessoas vão às compras durante o período entre o Dia de Ação de Graças e a Cyber Monday, superando os 183,4 milhões do ano passado. Apesar disso, o crescimento das vendas nos dois últimos meses do ano, período crucial para o varejo, deve ser mais lento do que em 2023.
Kate Sanner, moradora de Nova York e responsável por um site de anúncios de produtos usados, afirmou que tudo está mais caro nos shoppings. No ano passado, ela gastou cerca de US$ 500 em presentes, mas agora pretende limitar o orçamento a US$ 300, focando em ofertas específicas e evitando a maioria dos descontos tradicionais da Black Friday.
Com o Dia de Ação de Graças caindo em 27 de novembro, os lojistas ganharam um dia extra para impulsionar as vendas, que normalmente representam um terço do lucro anual. Para atrair consumidores, grandes redes como Walmart, Amazon e Macy’s anteciparam promoções: o Walmart iniciou suas ofertas em 14 de novembro, divididas em três fases até 1º de dezembro, com acesso antecipado para membros do Walmart+. A Amazon lançou sua semana de descontos na quinta-feira, enquanto a Macy’s abriu um portal exclusivo para a Black Friday.
As vendas totais em novembro e dezembro, tanto em lojas físicas quanto online, devem ultrapassar US$ 1 trilhão pela primeira vez, com alta prevista entre 3,7% e 4,2%. No entanto, o ritmo será menor do que o crescimento de 4,8% registrado no ano passado, segundo a NRF.
Mesmo com mais dinheiro guardado em relação a 2019, antes da pandemia, muitos consumidores estão cautelosos. Liz Sweeney, fundadora da agência Dogwood Solutions, de Idaho, afirmou que, diante do aumento previsto no plano de saúde em 2026, reduziu drasticamente o orçamento para presentes: de quase US$ 2 mil em 2024 para US$ 750 neste ano, optando por itens mais baratos como sapatos, livros e utensílios domésticos.
A NRF estima que o gasto médio por pessoa com presentes e itens sazonais será de US$ 890, um pouco abaixo dos US$ 902 do ano passado. Quase dois terços dos consumidores entrevistados disseram que vão esperar pelas ofertas do fim de semana do feriado, especialmente os mais velhos.
Especialistas em consumo notaram menos promoções tanto nas lojas quanto online. Edgar Dworsky, fundador do site Consumer World, explicou que, em anos anteriores, era possível encontrar eletrodomésticos de cozinha por apenas US$ 5 após descontos e reembolsos, mas agora os preços estão mais altos e as promoções, mais escassas. Jessica Ramirez, da consultoria Consumer Collective, também percebeu menos descontos neste ano, com promoções pontuais e de curta duração.
Apesar disso, algumas redes ainda apostam em ofertas agressivas. O Walmart, por exemplo, anunciou uma TV TCL Roku de 85 polegadas de US$ 678 por US$ 498, além de uma churrasqueira Blackstone por US$ 157, abaixo do valor original de US$ 224.
A expectativa é de que, mesmo com o movimento intenso nas lojas, os consumidores sejam mais seletivos e gastem menos, diante de um cenário de preços elevados e promoções menos generosas.
Foto: REUTERS/Benoit Tessier/Foto de arquivo
Fonte: Reuters







