Agricultores de Vermont temem que repressão migratória do presidente Trump leve indústria leiteira ao colapso

SHELDON, Vermont — Fazendeiros e trabalhadores rurais em Vermont estão preocupados com o impacto que a política de imigração do presidente Donald Trump pode ter sobre a produção de leite no estado. Após uma série de detenções de trabalhadores migrantes em fazendas da região, cresce o temor de que a repressão a imigrantes sem documentos possa comprometer seriamente a mão de obra essencial para o setor.

Dustin Machia, produtor de leite de quinta geração e apoiador de Trump, diz estar decepcionado. Ele afirma que votou no presidente acreditando que a repressão à imigração ilegal não afetaria os trabalhadores rurais. “Todos nós achávamos que eles não viriam às fazendas levar nossos funcionários. Mas está acontecendo, e isso está assustando toda a comunidade agrícola”, declarou.

A preocupação aumentou após a prisão de oito trabalhadores mexicanos na maior fazenda leiteira do estado, a Pleasant Valley Farms. Quatro deles já foram deportados, enquanto os demais aguardam decisões judiciais. Segundo autoridades federais, as prisões foram resultado de uma denúncia e não parte de uma operação direcionada às fazendas. No entanto, advogados e defensores dos trabalhadores afirmam que os imigrantes foram detidos rapidamente e tiveram poucas chances de se defender.

O setor leiteiro de Vermont depende fortemente da mão de obra migrante. Estima-se que cerca de 94% das fazendas que contratam funcionários externos empregam trabalhadores imigrantes, a maioria vinda do México. Como não há visto específico para trabalho contínuo em fazendas de leite, muitos vivem em situação irregular.

Além das dificuldades com a imigração, os produtores enfrentam outros desafios: preços instáveis do leite, aumento de custos com tarifas, riscos sanitários como a gripe aviária e os efeitos de desastres naturais recentes.

Para os agricultores, a situação é preocupante. “Quem vai ordenhar as vacas?”, questiona Anson Tebbetts, secretário de Agricultura de Vermont. “Se perdermos essa força de trabalho, não sabemos como o setor vai continuar funcionando.”

Trabalhadores como “Chepe”, que vive e trabalha em uma fazenda próxima à fronteira com o Canadá, dizem que estão saindo cada vez menos de casa por medo de serem detidos. Ele relata trabalhar 12 horas por dia, seis dias por semana, e envia dinheiro para os filhos no México, que não vê há oito anos. “Tudo isso parece uma tentativa de nos fazer viver com medo”, afirma.

Mesmo com os riscos, Chepe tem participado de protestos em defesa dos colegas detidos e por melhores condições de trabalho. “Precisamos estar unidos agora. É hora de levantar a voz e lutar pelos nossos direitos”, disse.

Apesar das críticas à repressão migratória, Machia afirma que ainda apoia Trump. “Eu votaria nele de novo. Gosto de muitas das políticas dele. Acho que ele representa melhor pessoas como nós, do interior, da classe média.”

A tensão continua alta nas fazendas de Vermont, enquanto trabalhadores e produtores esperam por soluções que garantam tanto a segurança quanto a continuidade da produção agrícola no estado.

Foto: Paul Heintz para o The Boston Globe

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