Cientista da Harvard pode perder financiamento federal por causa de investigação da administração Trump

Uma das principais pesquisas do mundo sobre tuberculose, liderada pela cientista Sarah Fortune, da Universidade de Harvard, pode ser interrompida após o governo do presidente Donald Trump colocar o projeto sob revisão. O motivo é uma investigação federal sobre como Harvard tem lidado com casos de antissemitismo no campus, que agora ameaça bilhões de dólares em financiamento público para a universidade.

O contrato de US$ 60 milhões entre o laboratório de Fortune e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) foi listado como o principal projeto em risco, por ser o de maior valor. Se o financiamento for cancelado, a pesquisadora afirma que o projeto “acaba”.

A pesquisa liderada por Fortune é considerada uma “moonshot” — um esforço ambicioso para resolver um dos maiores desafios da saúde pública global. O trabalho envolve 12 centros de pesquisa nos EUA e na África, incluindo instituições como MIT, UMass, Case Western, Universidade de Pittsburgh e clínicas em Uganda e na África do Sul. Juntos, esses centros analisam como o sistema imunológico reage à tuberculose, com o objetivo de melhorar diagnósticos, tratamentos e vacinas.

Segundo Fortune, a tuberculose ainda é um problema de saúde pública nos Estados Unidos, com casos recentes em Boston. A doença infecta cerca de um quarto da população mundial e mata mais de 1 milhão de pessoas por ano.

O governo Trump está revisando cerca de US$ 9 bilhões em financiamentos federais destinados a Harvard e suas instituições afiliadas, como hospitais de ensino e centros de pesquisa. A ameaça de corte faz parte de uma pressão para que a universidade atenda a uma série de exigências relacionadas a políticas internas, diversidade e disciplina estudantil.

Críticos da medida afirmam que a revisão dos contratos é uma forma de usar a luta contra o antissemitismo como pretexto para atacar universidades de elite. Já apoiadores de Trump defendem que a estratégia é necessária para combater o que veem como desordem e preconceito nos campi.

No meio desse impasse, estão pesquisadores como Sarah Fortune, que seguem trabalhando em descobertas importantes, mas sem saber se terão recursos para continuar. “É um momento estranho”, disse ela. “A gente alterna entre empolgação pelas descobertas e muita ansiedade com o futuro.”

Fortune reforça que, sem o apoio do governo, seria impossível manter um projeto desse porte. “Nenhuma fundação ou doação privada consegue bancar esse tipo de esforço em escala global”, afirmou.

Metade do contrato já foi paga, mas o restante está agora em risco. Fortune só soube oficialmente que seu projeto estava na lista após ser procurada por um repórter. Ao ler o e-mail, comentou com colegas: “Isso não parece bom.”

Foto: Jessica Rinaldi/Equipe Globe

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