Vinte estados liderados por governadores democratas estão processando o governo do presidente Donald Trump, acusando a administração de reter bilhões de dólares em verbas federais como forma de pressionar os estados a colaborarem com políticas de imigração mais rígidas. As ações judiciais foram apresentadas nesta terça-feira contra os Departamentos de Segurança Interna (DHS) e de Transportes dos EUA.
Segundo os procuradores-gerais dos estados, o governo federal está exigindo que, para receber recursos destinados a obras de infraestrutura, segurança pública e resposta a desastres, os estados adotem medidas de apoio direto à fiscalização de imigração. Entre essas exigências estão o compartilhamento de informações com o ICE (agência de imigração), participação em operações conjuntas e até a detenção de imigrantes para que possam ser recolhidos pelas autoridades federais.
“Isso é uma tentativa ilegal e autoritária de forçar os estados a seguir uma agenda de imigração cruel e sem sentido”, afirmou o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta. Ele classificou a medida como um abuso de poder e uma violação da Constituição dos Estados Unidos, que determina que o Congresso — e não o presidente — tem autoridade para definir como os recursos federais devem ser usados.
Os estados argumentam que as verbas em questão não têm nenhuma relação com imigração e são essenciais para manter aeroportos, rodovias, sistemas de transporte público e ações de emergência. Eles também destacam que esses recursos já foram usados para reforçar a segurança em eventos presidenciais, proteger instituições religiosas e responder a desastres naturais como furacões e erupções vulcânicas.
Em resposta, uma porta-voz do DHS afirmou que “cidades e estados que violam a lei e impedem a prisão de imigrantes ilegais criminosos não devem receber financiamento federal” e que nenhuma ação judicial impedirá o governo de seguir com suas políticas.
Os estados também alertam que, se os recursos forem cortados, projetos importantes poderão ser cancelados, aumentando riscos à segurança pública. Um dos exemplos citados é o aeroporto de Newark, em Nova Jersey, que enfrenta uma crise de pessoal e pode ser ainda mais afetado.
As ações judiciais representam mais um capítulo na disputa entre o governo Trump e os chamados “estados santuário”, que adotam políticas para limitar a cooperação com autoridades federais de imigração. Durante seu primeiro mandato, Trump já havia tentado condicionar o repasse de verbas à colaboração com o ICE — e agora, em seu segundo mandato, retoma essa estratégia com ainda mais força.
Foto: Bing Guan/Reuters
