O Secretário de Estado Marco Rubio anunciou que 300 vistos de estudantes foram cancelados nos Estados Unidos. A medida atinge alunos que participaram de protestos em universidades como Tufts e Columbia, gerando discussões acaloradas sobre os limites da liberdade de expressão e os direitos de estudantes estrangeiros no país.
Rubio justificou a ação afirmando que o governo tem o direito de revogar vistos de estudantes que se envolvem em atos de vandalismo, assédio e ocupação de prédios universitários. Segundo ele, o visto de estudante é concedido com o propósito de estudo, e não para participação em movimentos que causem desordem.
Entre os casos que ganharam destaque está o de Rumeysa Ozturk, estudante turca detida pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). A acusação é de que ela teria se envolvido em atividades de apoio ao Hamas, embora detalhes específicos não tenham sido divulgados. Ozturk é coautora de um artigo de opinião que pedia que Tufts adotasse resoluções do governo estudantil para “reconhecer o genocídio palestino” e “desinvestir de empresas com laços diretos ou indiretos com Israel”. Esse artigo não menciona o Hamas.
Outro caso é o de Alireza Doroudi, estudante iraniano também detido pelo ICE. As razões para sua detenção ainda não foram esclarecidas.
O caso de Mahmoud Khalil, ex-aluno da Universidade de Columbia, também gerou controvérsia. Khalil, um palestino nascido na Síria e residente permanente legal (portador de green card), teve seu visto de estudante revogado e enfrenta a possibilidade de deportação. O governo alega que sua presença e atividades ameaçam a política externa dos EUA, citando suposto apoio ao Hamas. Khalil nega as acusações.
Sindicatos de professores universitários já entraram com uma ação judicial alegando que as detenções violam a Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão. Eles argumentam que as medidas do governo podem gerar um clima de medo e reprimir o debate em universidades.
A questão é complexa e envolve um delicado equilíbrio entre a segurança nacional, a liberdade de expressão e os direitos dos estudantes estrangeiros. O debate sobre os limites da participação política de estudantes em solo americano promete continuar aceso.
Foto: Nathan Howard / AP