Um número crescente de ex-agentes do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA) está vindo a público para denunciar as condições de trabalho e a pressão interna que os levaram a pedir demissão. Segundo reportagem da revista The Atlantic, muitos desses profissionais afirmam que a política de deportações em massa do presidente Donald Trump transformou o trabalho em uma corrida por metas, deixando de lado o foco em segurança nacional.
De acordo com os relatos, os agentes passaram a ser cobrados por cumprir cotas diárias de prisões — cerca de 3 mil por dia —, muitas vezes envolvendo imigrantes sem antecedentes criminais. Um ex-agente, que preferiu não se identificar, disse que o trabalho, antes visto como um dever patriótico, se tornou algo irreconhecível. “Até quem acreditava na missão está descontente com a forma como ela está sendo executada — com metas e foco em alvos fáceis só para bater número”, afirmou.
Outro ex-agente foi ainda mais direto: “Estou cansado de prender jardineiros”, disse, em crítica à mudança de foco da agência. Segundo ele, a pressão para prender qualquer imigrante, mesmo sem histórico criminal, causou um desgaste emocional insuportável.
Dados apontam que, desde o início do governo Trump, as prisões de imigrantes sem antecedentes aumentaram 807%. Para muitos agentes, o ponto de ruptura foi perceber que o trabalho deixou de ser sobre justiça ou proteção do país, e passou a ser apenas sobre estatísticas.
Além da pressão por resultados, os ex-agentes também denunciam jornadas exaustivas, excesso de horas extras e falta de apoio psicológico. O clima dentro da agência, segundo eles, é de desânimo e esgotamento.
Enquanto o governo Trump mantém sua política rígida de imigração, cresce a preocupação sobre os impactos dessa abordagem não apenas para as famílias de imigrantes, mas também para os próprios agentes encarregados de executar essas ordens. O futuro do ICE, diante de tantas demissões e críticas internas, é cada vez mais incerto.
Foto: Hollywood Unlocked
Fonte: Hollywood Unlocked
