Por Malcolm Ferguson – The New Republic
Empresas de aviação contratadas pelo governo dos Estados Unidos estariam deliberadamente escondendo os números de cauda de aviões utilizados em voos de deportação, com o objetivo de evitar o monitoramento público e a responsabilização pelas ações, segundo reportagem da CNN.
A prática, semelhante à remoção da placa de um carro, impede que civis, jornalistas e organizações de direitos humanos acompanhem os trajetos das aeronaves e identifiquem os destinos dos deportados. Além disso, dificulta que familiares localizem entes queridos que foram removidos do país.
A medida ocorre em meio ao aumento das ações de deportação sob a administração Trump, que intensificou sua política migratória. De acordo com a CNN, os voos de deportação cresceram 15% em relação ao ano anterior.
Esses voos são operados por diversas empresas de fretamento aéreo privadas e ao menos uma companhia aérea comercial, todas com contratos lucrativos com o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês).
O site Flightradar24, que monitora voos e acompanha operações de imigração, observou em março que essas empresas solicitaram a ocultação dos números de cauda em registros e plataformas públicas de rastreamento de voos, tornando quase impossível seguir os trajetos das aeronaves. A maior parte dessas viagens ocorre dentro do território americano, transportando detidos entre diferentes centros de detenção.
A Avelo Airlines, uma das companhias envolvidas, afirmou que três de seus aviões estão dedicados a voos do ICE. Em nota, a empresa declarou: “Voos operados em nome do governo dos Estados Unidos frequentemente não são identificados a pedido do próprio governo. Como subcontratados, pedimos que as perguntas sejam direcionadas a eles.”
Para Eunice Cho, conselheira sênior do Projeto Nacional de Prisões da ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis), a ocultação dessas informações compromete a transparência. “Esses dados são essenciais para entender como o ICE conduz suas atividades de fiscalização e deportação”, disse ela à CNN. “Às vezes, essa é a única informação disponível ao público sobre onde o ICE está colocando as pessoas, devido à falta geral de transparência sob esta administração.”
Até o momento, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) não se pronunciou sobre o caso.
Foto: JUSTIN HAMEL/AFP/Getty Images
Fonte: The New Republic