Apesar de afirmar que o foco são imigrantes com histórico criminal, o governo Trump tem intensificado a prisão de pessoas sem qualquer antecedente. Dados recentes mostram que o número de imigrantes detidos pelo ICE (agência de imigração dos EUA) sem registros criminais aumentou mais de 1.200% desde o início do segundo mandato de Donald Trump, em janeiro.
Segundo os números divulgados pelo próprio ICE, mais de 11.700 pessoas sem histórico de crimes estavam presas até meados de junho. Isso representa quase um terço de todos os detidos pela agência. Ao mesmo tempo, os centros de detenção estão operando acima da capacidade: embora comportem oficialmente 41.500 pessoas, atualmente abrigam mais de 56.000.
O governo justifica as ações como parte de uma política de segurança, mas especialistas e defensores dos direitos humanos apontam contradições. A própria secretária-assistente do Departamento de Segurança Interna (DHS), Tricia McLaughlin, afirmou em entrevista que o foco são “criminosos violentos”. No entanto, o aumento expressivo de detenções de pessoas sem qualquer acusação ou condenação levanta dúvidas sobre essa prioridade.
Além disso, a maioria dos imigrantes com antecedentes detidos pelo ICE tem apenas condenações por contravenções leves, e não por crimes violentos, como o governo frequentemente sugere.
Pesquisadores apontam que a pressão por mais prisões aumentou após uma reunião tensa em maio entre autoridades da Casa Branca e líderes do ICE. Na ocasião, foi exigida uma meta de 3 mil prisões por dia — o equivalente a mais de 1 milhão por ano.
Com a intensificação das operações, aumentaram também os protestos em várias partes do país, denunciando abusos e o impacto das detenções em famílias e comunidades inteiras. A política migratória do governo Trump segue sendo alvo de críticas por priorizar números em vez de critérios humanitários e legais.
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