Por Rachel Kahn – The New Republic
A administração do presidente Donald Trump passou a compartilhar dados de passageiros de voos domésticos com o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos Estados Unidos (ICE) como parte de sua campanha de deportações em larga escala. A informação foi revelada emes em uma reportagem do The New York Times, que aponta que a prática ocorre de forma discreta desde março.
Antes do governo Trump, o ICE não atuava em viagens aéreas internas, e a Administração de Segurança no Transporte (TSA) não se envolvia em questões migratórias. Segundo o jornal, as duas agências passaram a cooperar para identificar e deter pessoas em aeroportos, seguindo ordens da Casa Branca.
O número total de prisões realizadas por meio desse programa não foi divulgado. No entanto, documentos obtidos pelo The New York Times mostram que a iniciativa levou à prisão de Any Lucía López Belloza, de 19 anos, no Aeroporto Internacional Logan, em Boston. Ela foi detida enquanto tentava viajar ao Texas para visitar familiares no feriado de Ação de Graças e, dois dias depois, foi deportada para Honduras, país que não visitava desde os 7 anos de idade.
Ex-integrantes do ICE ouvidos pelo Times afirmam que o programa ajuda a agência a cumprir metas elevadas de deportação e permite a remoção rápida de pessoas detidas durante deslocamentos aéreos. Para Scott Mechkowski, ex-vice-chefe do ICE em Nova York, a medida transforma viagens rotineiras em uma ferramenta para ampliar as deportações. Segundo ele, a estratégia pode identificar milhares de pessoas que acreditavam poder circular pelo país simplesmente embarcando em um avião.
Desde que Trump assumiu a presidência, em janeiro, o clima de insegurança tem aumentado entre imigrantes e até mesmo entre cidadãos americanos. A política de deportação resultou em prisões e detenções em ruas, residências e locais de trabalho. Agora, de acordo com a reportagem, os aeroportos também passaram a ser vistos como ambientes de risco.
A porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, defendeu a iniciativa e afirmou que não há arrependimento quanto às consequências da medida. Em declaração citada pelo jornal, ela disse que a mensagem para pessoas em situação irregular no país é clara: a única razão para viajar de avião deveria ser para se autodeportar.
Foto: David Ryder/Getty Images
Fonte: The New Republic







