Imigrante que veio para os EUA aos 4 anos morre em prisão do ICE

ADELANTO, Califórnia — Uma família da Califórnia afirma que seu filho morreu sozinho em um hospital a quilômetros de casa após adoecer sob custódia do ICE, gerando nova indignação sobre o atendimento médico nas prisões usadas pela imigração.

Ismael Ayala-Uribe, de 39 anos, veio do México para os Estados Unidos quando tinha apenas quatro anos. Em agosto, agentes de imigração o detiveram no lava-rápido em Huntington Beach, onde ele trabalhava havia 15 anos.

Segundo o canal Sky News, ele foi mantido por cinco semanas no Centro de Processamento do ICE em Adelanto, no Condado de San Bernardino — uma instalação privada que há muito enfrenta acusações de más condições de saúde e negligência médica.

Na prisão, Ayala-Uribe se queixou de febre e tosse persistente, segundo sua mãe, Lucia. Ele chegou a ser atendido por profissionais de saúde do centro e recebeu medicação, mas sua família diz que o estado dele só piorava.

“Ele dizia que não estavam ouvindo o que ele dizia”, lembrou Lucia. “Da última vez que o vi, o rosto dele estava abatido. Ele me disse que não estava bem. Disse que não aguentava mais.”

Posteriormente, Ayala-Uribe foi transferido para um hospital para realizar uma cirurgia de remoção de um abscesso, mas nunca chegou à mesa de operação. Ele foi encontrado sem sinais vitais e declarado morto antes do início do procedimento.

A família afirma que nunca foi informada de que ele havia sido hospitalizado — e só soube da morte quando a polícia bateu à porta de madrugada.

“Nem sabíamos que ele estava no hospital”, contou o irmão, José Ayala. “Acredito que ele ainda estaria vivo hoje se nunca tivesse sido detido. Ele adoeceu lá dentro, e parece que não cuidaram dele.”

A prisão de Adelanto é operada pela empresa privada GEO Group sob contrato com o ICE.

A instalação já foi repetidamente criticada por más condições sanitárias, falta de pessoal médico e falhas em atendimentos de emergência.

Ayala-Uribe já foi um jovem protegido pelo programa DACA, criado pelo governo Obama para quem entrou nos EUA antes dos 16 anos de idade.

No entanto, perdeu esse status em 2016, após uma condenação por dirigir sob influência de álcool (DUI).

De acordo com a família, ele estava com boa saúde antes da prisão. Sua mãe o visitava a cada oito dias e dizia que a aparência dele piorava visivelmente a cada encontro.

“Ele começou com muita febre”, contou Lucia, em lágrimas. “Sinto-me impotente por não poder fazer nada pelo meu filho.”

O ICE afirmou, em comunicado, que Ayala-Uribe estava sendo tratado por hipertensão e uma condição cardíaca, e que o Escritório de Responsabilidade Profissional da agência está revendo o caso.

Para Lucia e José, nenhuma declaração oficial preencherá o vazio deixado.

“Ele viveu a vida inteira aqui”, disse José. “Nunca conheceu outro lar.”

Foto: Arquivo familiar

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