Boston, Mass. — Um juiz federal indicado pelo ex-presidente Ronald Reagan está deixando seu cargo vitalício em protesto contra o presidente Donald Trump, a quem acusa de lançar um “ataque ao Estado de Direito”.
“Minha razão é simples: não consigo mais suportar ser contido pelo que os juízes podem dizer publicamente ou fazer fora do tribunal”, escreveu Mark Wolf, que em 2006 se tornou o juiz-chefe do Tribunal de Massachusetts, em um artigo de opinião publicado no The Atlantic no domingo.
“O presidente Donald Trump está usando a lei para fins partidários, visando seus adversários enquanto poupa seus amigos e doadores de investigação, acusação e possível punição. Isso é contrário a tudo o que defendi em meus mais de 50 anos no Departamento de Justiça e no banco judicial.”
Wolf disse que sua renúncia lhe permitirá falar mais abertamente contra a administração Trump, bem como apoiar litígios contra o governo em um esforço para proteger “o Estado de Direito e a democracia americana”. Ele também pretende advogar por juízes que, segundo ele, foram paralisados sob pressão e ameaças da Casa Branca.
Trump frequentemente ataca juízes federais, a partir do Salão Oval, por decisões que considera injustas. Em março, ele pediu o impeachment do juiz distrital dos EUA James Boasberg, que decidiu contra os esforços da administração para deportar migrantes para a notoriamente perigosa prisão CECOT de El Salvador.
Especialistas jurídicos condenaram os ataques de Trump aos juízes como uma ferramenta para minar a independência do Judiciário, e a juíza da Suprema Corte Ketanji Brown Jackson argumentou que os ataques de Trump foram “concebidos para intimidar aqueles de nós que servimos nesta capacidade crítica”.
Os ataques de Trump aos juízes também colocaram a segurança deles em risco, argumentou Wolf.
“Os ataques raivosos de Trump aos tribunais coincidiram com um número sem precedentes de ameaças graves contra juízes. Houve quase 200 de março até o final de maio de 2025, apenas”, escreveu Wolf.
“Estas incluíram ameaças de morte credíveis, centenas de telefonemas injuriosos e entregas anônimas e não solicitadas de pizza feitas falsamente em nome do filho de um juiz federal, que foi assassinado na casa do juiz em 2020 por um advogado insatisfeito.”
Fotos e edição: The Daily Beast
