CHELMSFORD, Massachusetts — No dia 2 de maio, a estudante Kayana Estrada estava caminhando e olhando o celular em um posto de gasolina na Littleton Road.
Câmeras de segurança registraram o momento em que uma caminhonete preta se aproximou por trás e atingiu a cabeça da jovem de 15 anos com o retrovisor.
“Eu fiquei tonta. Ele parou e me perguntou se eu estava bem. Eu disse: ‘Ei, você acabou de me acertar com sua picape, eu que deveria perguntar se você está bem?’”, contou Kayana à imprensa.
A jovem ligou para a mãe, Jennifer Melendez, que estava no trabalho e ficou extremamente preocupada.
O motorista parou em uma das bombas de combustível.
Jennifer acionou a polícia. Naquele mesmo dia, Kayana foi diagnosticada com uma concussão.
Policiais foram até o apartamento da família e ouviram o depoimento da adolescente.
Uma semana se passou sem qualquer retorno da polícia. Após dez dias, um oficial informou que “o relatório ainda precisava de correções, por isso não havia sido divulgado ao público”.
“Parecia que eles estavam tentando me enrolar. Mas eu insisti,” disse Jennifer.
Pouco depois, um sargento da polícia enviou um e-mail a Jennifer revelando a identidade do motorista da caminhonete: Bryan Boyle, um empresário local e irmão de um policial da delegacia de Chelmsford.
“Eles todos se conhecem. Essa é uma comunidade pequena. Os filhos cresceram juntos e vão para a escola juntos,” afirmou Jennifer.
O canal NBC Boston começou a investigar a conduta da polícia e questionou se haveria uma investigação formal.
Em nota enviada à emissora no dia 29 de maio, a delegacia declarou:
“A Polícia de Chelmsford revisou o relatório final e as imagens das câmeras, e determinou que a investigação foi apropriada e está concluída.”
A NBC pressionou por mais informações sobre a investigação e a relação entre o motorista e a polícia.
Uma nova nota da delegacia foi divulgada em 10 de junho:
“Após consulta com a procuradora distrital de Middlesex, foi decidido que o motorista se apresentará na Corte Distrital de Lowell, em data a ser confirmada.”
Um detalhe importante é que o posto de gasolina onde o incidente ocorreu não vende diesel, e a caminhonete envolvida é movida a diesel.
O advogado do motorista, Robert Normandin, afirmou que o irmão de seu cliente, que é policial, não teve qualquer envolvimento na investigação.
Para Jennifer Melendez, a polícia tem o dever de proteger toda a comunidade. “Mas eles estão protegendo um dos deles”, disse. E concluiu: “Minha filha não foi servida nem protegida.”
Fotos: NBC Boston
Imagens: Delegacia de Chelmsford
