Número de vistos “Trump Card” deve ficar abaixo de 1.000, dizem especialistas

Menos de mil vistos do tipo “Trump Card” devem ser efetivamente concedidos, segundo especialistas do setor de imigração, apesar de o governo Trump afirmar que mais de 70 mil pessoas já demonstraram interesse pelo programa.

Chris Willis, diretor-gerente da consultoria Latitude, afirmou à revista Newsweek que “no fim das contas, menos de 1.000 Trump Cards serão vendidas — muito abaixo do padrão de programas de visto dourado”.

O programa, anunciado em fevereiro, oferece residência nos Estados Unidos a estrangeiros que realizarem uma doação de US$ 5 milhões ao país. A proposta é voltada a indivíduos de alto patrimônio que buscam um caminho rápido para a cidadania americana.

Desde que reassumiu a presidência em 20 de janeiro, Donald Trump tem promovido mudanças significativas na política de imigração dos EUA, incluindo a suspensão de alguns pedidos de green card e o fim do status legal temporário de determinados grupos de imigrantes.

Apesar da atenção gerada, o “Trump Card” tem sido alvo de críticas. Eric Major, CEO da Latitude e fundador do serviço global de imigração para investidores do HSBC, considera o programa excessivamente caro. “O principal problema do Trump Card é o preço. A administração Trump está supervalorizando a cidadania americana”, disse ele à Newsweek.

Segundo Major, a exigência de uma doação de US$ 5 milhões — e não um investimento — é pelo menos cinco vezes maior que programas semelhantes na Europa. Ele também questiona a legalidade da proposta: “Sem uma base legal adequada, o Trump Card carece de legitimidade aos olhos do mercado”.

Um dos atrativos do visto seria a tributação apenas sobre a renda obtida nos Estados Unidos, ao contrário do modelo atual, que impõe impostos sobre a renda global de cidadãos, residentes permanentes e estrangeiros com presença substancial no país. No entanto, para implementar essa mudança, seria necessário alterar o Código Tributário dos EUA — algo que não pode ser feito por ordem executiva e exigiria aprovação do Congresso.

A proposta ainda não tem um processo formal de candidatura definido. Em junho, o governo lançou o site TrumpCard.gov, onde estrangeiros podem registrar seu interesse. No entanto, nenhuma aplicação oficial foi processada até o momento.

A empresa Henley & Partners, especializada em migração por investimento, afirma que o anúncio do Trump Card aumentou o interesse por programas de residência nos EUA, especialmente pelo já existente EB-5. Criado em 1990, o EB-5 exige um investimento entre US$ 800 mil e US$ 1 milhão, além da criação de pelo menos 10 empregos para trabalhadores americanos, com taxas adicionais entre US$ 100 mil e US$ 200 mil.

Apesar da visibilidade, o futuro do Trump Card é incerto. Eric Major acredita que o programa foi lançado mais como uma estratégia de marketing político do que como uma política viável. “Mesmo com cerca de 70 mil registros, isso representa apenas manifestações de interesse. O programa ainda enfrenta sérias incertezas legais e legislativas, incluindo a necessidade de aprovação do Congresso para a criação de uma nova categoria de visto”, afirmou.

David Lesperance, sócio-gerente da Lesperance & Associates, também demonstrou ceticismo: “Duvido que o Trump Card venha a se concretizar”.

A Casa Branca, por meio da porta-voz Abigail Jackson, declarou à Newsweek que “o presidente Trump é um empresário e inovador que está sempre buscando novas formas de atrair investimentos para os Estados Unidos e incentivar a imigração legal”.

A Newsweek informou que entrou em contato com o Departamento de Comércio dos EUA para obter comentários adicionais. Até o momento, não há previsão de quando os detalhes sobre o processo oficial de candidatura e os critérios de aprovação serão divulgados.

Foto: Wang Gang/VCG via AP

Fonte: Newsweek

Share this post :

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *