Pesquisa revela que economia e custo de vida são as maiores preocupações dos eleitores latinos para as eleições de 2026

Por Nidia Cavazos, Fin Daniel Gómez – CBS News

Uma ampla pesquisa realizada com 3 mil eleitores latinos registrados em todo os Estados Unidos mostra que a ansiedade econômica domina o cenário político entre esse importante grupo eleitoral, que é o segundo maior do país, às vésperas das eleições de meio de mandato em 2026. O custo de vida, o emprego e a habitação aparecem como as principais preocupações, superando temas como a imigração, que ficou em quinto lugar na lista de prioridades.

O estudo Unidos Bipartisan Poll of Hispanic Voters: The Road to 2026, obtido com exclusividade pela CBS News, revela que 53% dos eleitores latinos apontam o custo de vida e a inflação como sua maior preocupação. Em seguida, aparecem o emprego e a economia (36%), a habitação (32%), a saúde (30%) e a reforma migratória (20%). Mais de um terço dos entrevistados avalia que a economia está pior do que há um ano, enquanto apenas 14% acreditam em melhora.

A insatisfação econômica se reflete também na avaliação do desempenho político: 65% dos latinos consideram que o presidente Donald Trump e os republicanos no Congresso não fazem o suficiente para melhorar a economia — um aumento de 5 pontos percentuais desde abril. Metade dos entrevistados acredita que as políticas econômicas de Trump os prejudicarão pessoalmente no próximo ano.

Essa percepção de instabilidade econômica alimenta o descontentamento com Washington: 81% dos eleitores latinos afirmam que o Congresso não cumpre seu papel de freios e contrapesos, e 62% desaprovam a liderança republicana na Casa Legislativa. Sobre o recente fechamento parcial do governo, 61% culpam os republicanos, contra 22% que responsabilizam os democratas.

Clarissa Martinez de Castro, vice-presidente da organização UnidosUS, destacou em entrevista à CBS News que os eleitores hispânicos continuam enfatizando a necessidade de enfrentar os baixos salários e o aumento do custo de vida, mas sentem que o governo e os republicanos, a quem atribuem a responsabilidade pelo fechamento do governo, não estão focando nessas questões. Ela também ressaltou que muitos latinos se preocupam com direitos civis, liberdades e segurança pessoal, o que explica o alto índice (81%) de preocupação com o excesso de poder concedido ao presidente.

No levantamento, 64% dos latinos desaprovam o desempenho de Trump, e entre seus apoiadores de 2024, 13% afirmam que não votariam nele novamente, enquanto 9% estão indecisos. Os temas que mais influenciam a opinião sobre o presidente são o custo de vida, a inflação, prisões e deportações de imigrantes, emprego e cortes em programas como Medicaid e assistência alimentar.

Esses resultados indicam uma mudança significativa em relação ao desempenho de Trump entre eleitores latinos em 2024, quando esse grupo foi fundamental para sua vitória. Agora, o pessimismo econômico e a desaprovação ao Congresso republicano podem alterar a participação e o alinhamento partidário dos latinos nas próximas eleições.

Se as eleições fossem hoje, 52% dos latinos votariam em candidatos democratas para a Câmara dos Deputados, contra 28% para os republicanos, ampliando a diferença partidária em relação a 2024, quando Trump conquistou 48% dos votos latinos no geral e 54% entre os homens latinos, segundo o Pew Research.

Apesar disso, a maioria dos eleitores latinos mantém suas escolhas presidenciais de 2024: 78% dos apoiadores de Trump e 93% dos de Harris afirmam que votariam da mesma forma se pudessem refazer o voto.

Daniel Garza, da iniciativa LIBRE, que tem viés conservador, comentou à CBS que os democratas não perderam eleitores latinos, mas também não os reconquistaram, e que o grupo está aguardando propostas positivas e produtivas. Ele criticou os democratas como “obstrucionistas” no impasse do fechamento do governo e afirmou que uma melhora econômica sob Trump poderia fazer os democratas perderem esse eleitorado para sempre.

A pesquisa também mostra que 55% dos latinos acreditam que o Partido Democrata se importa muito com a comunidade latina, contra 29% que pensam o mesmo do Partido Republicano. Um em cada três vê o GOP como hostil aos latinos. Em temas específicos, os democratas lideram em saúde, enquanto os republicanos têm vantagem em segurança de fronteira.

O levantamento foi realizado entre 8 e 22 de outubro pela BSP Research e Shaw & Company Research, com amostras representativas em estados-chave como Arizona, Califórnia, Flórida, Colorado, Texas e Geórgia.

Na Califórnia, onde haverá uma eleição especial para decidir sobre a Proposição 50, que pode permitir aos democratas redesenhar distritos eleitorais, a participação dos eleitores latinos pode ser decisiva. O Comitê Nacional Democrata lançou uma iniciativa bilíngue para mobilizar essa comunidade, com 41 mil voluntários atuando em bairros tradicionalmente latinos.

Sobre imigração, o estudo revela preocupações com direitos civis e segurança pública: 72% dos entrevistados rejeitam uma decisão recente da Suprema Corte que permite que agentes de imigração usem língua, aparência e local de trabalho como critérios para abordagens; 59% sentem que seus direitos estão menos protegidos; e metade é contra o uso de tropas americanas em cidades para controle de crime ou imigração.

A decisão da Suprema Corte suspendeu uma liminar que impedia abordagens baseadas em fatores como raça aparente, idioma falado, local de trabalho e ocupação. No levantamento, 41% dos latinos temem ser ou ter alguém próximo preso por agentes federais de imigração, mesmo com status legal.

Quase metade (49%) está muito preocupada com violência política, e 44% atribuem o aumento desse tipo de violência principalmente à retórica republicana.

A pesquisa reforça tendências apontadas por levantamentos anteriores da CBS News durante a campanha de 2024, que indicavam insatisfação com a economia e o aumento dos preços como fatores decisivos para o voto latino. Atualmente, a aprovação de Trump entre latinos caiu para 38%, ante 49% no início do mandato, e sua avaliação no combate à inflação está em 32%. A maioria acredita que suas políticas prejudicam empregos e a situação financeira pessoal, e que ele não cumpriu as promessas feitas na campanha.

Esses dados indicam que as questões econômicas e sociais continuarão a influenciar fortemente o comportamento eleitoral dos latinos nas próximas eleições de meio de mandato.

Foto: Charly Triballeau/AFP via Getty Images

Fonte: CBS News

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