A expectativa para os jogos do FIFA Club World Cup nos Estados Unidos, que antecedem a Copa do Mundo de 2026, sofreu um duro golpe após o anúncio de que agentes federais de imigração estariam presentes nos estádios. A notícia gerou medo entre torcedores, especialmente entre imigrantes, e fez os preços dos ingressos despencarem.
O alerta veio quando o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) publicou nas redes sociais que seus agentes estariam “equipados e prontos” para atuar na segurança dos jogos. Pouco depois, o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega) confirmou que também estaria presente e recomendou que todos os não cidadãos carregassem documentos que comprovassem sua situação legal no país.
A repercussão foi imediata. Ingressos para a partida de abertura entre o Inter Miami, time de Lionel Messi, e o Al Ahly, do Egito, que chegaram a custar US$ 349, caíram para apenas US$ 69. Em promoções voltadas para estudantes universitários, era possível comprar cinco ingressos por apenas US$ 20 — ou seja, US$ 4 por entrada.
Segundo o jornal The New York Times, a publicação do CBP foi deletada após pressão de dirigentes da FIFA, que não teriam aprovado a exposição da presença de agentes federais nos eventos.
Mesmo assim, o estrago já estava feito. Grupos de torcedores começaram a se manifestar contra a presença do ICE nos jogos. Um perfil de fãs do Seattle Reign, time da liga feminina NWSL, chegou a pedir publicamente que os torcedores boicotassem os jogos da FIFA na cidade. “A segurança dos nossos vizinhos é mais importante do que qualquer torneio de futebol”, dizia a publicação, que viralizou antes de ser suspensa.
Em outras cidades, como Los Angeles, o clima também é de incerteza. Após o envio de tropas federais para conter protestos contra o ICE, muitos torcedores estão reconsiderando sua ida aos jogos. Um jovem mexicano, que planejava assistir à partida entre Monterrey e Inter de Milão, disse à Reuters que agora está com medo. “As coisas ficaram feias. Vamos esperar para ver se acalmam.”
Outro torcedor, identificado apenas como Rafael, contou ao Yahoo Sports que vendeu seus ingressos para o jogo entre PSG e Atlético de Madrid, mesmo sendo residente legal nos EUA. “Nunca imaginei que teria que me preocupar com discriminação racial em um jogo de futebol”, disse.
A presença de agentes federais em eventos esportivos, especialmente em um torneio internacional como o FIFA Club World Cup, levanta preocupações sobre segurança, liberdade de circulação e o impacto direto nas comunidades imigrantes. Para muitos, o futebol deveria ser um espaço de união — não de medo.
Foto: via Associated Press