Por O Globo — Los Angeles
A prisão da cineasta brasileira Barbara Marques, de 38 anos, por agentes do Serviço de Imigração dos Estados Unidos (ICE) durante uma entrevista para obtenção do green card, ganhou destaque em veículos internacionais como Daily Mail, Newsweek, CBS News e Hindustan Times. O episódio, ocorrido em Los Angeles, gerou indignação tanto na comunidade brasileira quanto na imprensa estrangeira.
Barbara, natural de Vitória (ES) e formada em cinema pela Universidade Estácio de Sá, mora em Pasadena, Califórnia, com o marido americano, Tucker May, com quem se casou em abril. No dia 16 de setembro, o casal compareceu à primeira entrevista do processo de residência permanente, mas a cineasta acabou detida por agentes do ICE.
O tabloide britânico Daily Mail ressaltou que Barbara teria sido “enganada” pelos agentes e presa durante o procedimento legal de imigração. O Hindustan Times, da Índia, questionou: “Quem é Barbara Marques? ICE detém diretora de cinema durante entrevista de green card”. Já o Newsweek destacou o relato do marido, que afirmou que o casal seguiu todas as exigências do processo, mesmo assim Barbara foi presa.
Segundo o ICE, havia uma ordem de deportação contra Barbara devido à ausência em uma audiência de 2019, relacionada à negativa de extensão de visto. A defesa da cineasta, porém, contesta a versão, alegando falhas de notificação e argumentando que, em casos sem antecedentes criminais, o procedimento padrão seria conceder prazo para regularização.
Em entrevista à BBC, Tucker May denunciou abusos durante a detenção. Ele afirmou que Barbara ficou mais de 12 horas sem receber alimentação e que, quando finalmente recebeu comida, foi apenas pão com queijo. Tucker também relatou que a esposa foi algemada, entrou em desespero e um agente teria tirado uma selfie dela chorando.
Barbara foi transferida entre centros de detenção na Califórnia, Arkansas e Louisiana, enquanto sua defesa tenta reverter a ordem de deportação. O Itamaraty confirmou à BBC que está prestando assistência consular à brasileira. Além disso, a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) incluiu o caso em uma ação coletiva contra o governo dos EUA, alegando que imigrantes têm sido privados do devido processo legal.
Foto: Reprodução/Instagram
Fonte: O Globo