Prisões do ICE em Worcester geram revolta, protestos e denúncias de abuso policial

A prisão de uma mulher por agentes de imigração na frente de suas filhas, em plena rua, gerou uma forte reação da comunidade local. O caso ocorreu em uma manhã de quinta-feira na Eureka Street, quando agentes do ICE tentaram levar Ferreira de Oliveira sob custódia.

Familiares e moradores tentaram impedir a ação, questionando se os agentes tinham autoridade legal para a detenção. A situação se tornou caótica e, pouco depois, policiais de Worcester chegaram ao local. A filha da mulher, de 16 anos, foi presa após correr atrás do carro que levava a mãe e chutar a lateral do veículo, segundo o comunicado da polícia. Outra mulher, que também tentou intervir, foi detida.

A prisão, registrada em vídeos feitos por testemunhas, levou centenas de pessoas às ruas no domingo, que se reuniram na praça central de Worcester em protesto contra as ações do ICE e da polícia local. Cartazes com frases como “Não toquem nos nossos vizinhos” e “Deportar mães é um crime” expressavam a indignação popular. Líderes comunitários, políticos locais e ativistas discursaram contra as políticas migratórias da administração Trump e pediram proteção às famílias imigrantes.

A senadora estadual Robyn Kennedy afirmou que a comunidade não vai permitir que ações como essa aconteçam “no silêncio ou na escuridão”. Já o vereador Khrystian King criticou a prisão da adolescente e solicitou um relatório detalhado à prefeitura sobre o ocorrido.

A atuação da polícia local também foi alvo de críticas. Algumas lideranças acusaram os agentes de colaborar com o ICE, apesar de a chefia da corporação afirmar que não participa de ações de imigração civil nem questiona o status migratório de indivíduos. Em nota, o chefe de polícia Paul Saucier acusou a vereadora Etel Haxhiaj de ter interferido fisicamente na ação dos policiais — o que ela não comentou publicamente.

De acordo com o Departamento de Segurança Interna, Ferreira de Oliveira entrou ilegalmente nos EUA em agosto de 2022 e responde por acusações de agressão. No entanto, sua defesa afirma que ela tem proteção temporária contra deportação, solicitou asilo e não possui antecedentes criminais.

A filha mais velha, Augusta Clara, de 21 anos, disse que a irmã de 16 anos e outra de 13 estão agora sob custódia dos serviços de proteção à infância.

Também foi presa Ashley Spring, candidata ao Comitê Escolar da cidade, acusada pela polícia de ter empurrado agentes e lançado um líquido não identificado durante a confusão. Ela se declarou inocente e aguarda nova audiência no dia 23 de junho.

As autoridades locais afirmam que o município não coopera com detenções civis do ICE, mas também não pode interferir nessas operações. O caso provocou um debate intenso em Worcester sobre os limites da atuação da polícia e a necessidade de proteger imigrantes de abordagens violentas.

Foto: Suzanne Kreiter/Globe Staff

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