Uma nova investigação realizada pela empresa de cannabis INSA revelou que muitos produtos de cânhamo vendidos em lojas de Massachusetts estão sendo mal rotulados, são mais potentes do que o permitido por lei e, em alguns casos, parecem ser direcionados ao público infantil. A pesquisa comprou dezenas de produtos em oito estabelecimentos diferentes e constatou que a maioria deles continha níveis perigosos de substâncias psicoativas, além de contaminantes como pesticidas.
O cânhamo, que foi legalizado em nível federal em 2018 para uso industrial, geralmente possui baixos níveis de THC, a substância responsável pelo efeito de euforia. No entanto, a pesquisa mostrou que alguns produtos continham até 500 mg de THC por porção — um valor cem vezes maior do que o limite permitido pelo estado de Massachusetts, que é de 5 mg. Além disso, alguns produtos continham compostos sintéticos ilegais, como delta-8 e HHC, que podem causar efeitos mais intensos e riscos à saúde.
O problema é que esses produtos muitas vezes se parecem com doces comuns, como balas, e são vendidos em embalagens coloridas e com nomes chamativos, o que pode atrair crianças e adolescentes. Um exemplo citado no estudo foi o produto “Stoner Patch Dummies”, que tem uma embalagem semelhante à de um popular doce de goma.
Especialistas alertam que o consumo de cânhamo intoxicante pode levar a problemas graves de saúde, incluindo acidentes vasculares, convulsões e psicose. Além disso, há preocupações de que esses produtos ilegais estejam prejudicando o mercado legal de cannabis, que é altamente regulamentado e tributado. Enquanto os produtos vendidos em dispensários precisam seguir regras rígidas de rotulagem, embalagem e controle de idade, os produtos de cânhamo muitas vezes não passam por esses requisitos.
A situação é agravada pelo fato de que muitos produtos ilegais são vendidos de forma clandestina, inclusive em lojas de esquina, onde é comum encontrar chocolates, balas e até cartuchos de vape de cânhamo expostos ao lado de outros itens ilegais. Isso dificulta o trabalho das autoridades e aumenta o risco de consumo por crianças e jovens.
Autoridades e especialistas defendem a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa e de ações para coibir a venda de produtos ilegais de cânhamo, que representam uma ameaça à saúde pública. Enquanto isso, a discussão sobre a regulamentação do cânhamo continua, com propostas de proibir a venda de bebidas e alimentos derivados dessa planta em estabelecimentos não autorizados, além de reforçar o controle sobre a comercialização de produtos ilegais.
Foto: Brett Phelps para o The Boston Globe