Recrutamento do ICE sob Trump enfrenta dificuldades: novos agentes não passam em teste físico básico

Por Josh Marcus – Independent

A tentativa do governo Trump de ampliar rapidamente o número de agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) está enfrentando obstáculos inesperados: muitos dos novos recrutas não conseguem passar no teste físico básico exigido pela agência. Segundo reportagem da revista The Atlantic, baseada em informações de autoridades da administração, aproximadamente um terço dos candidatos na academia do ICE não atinge o mínimo necessário para ser aprovado, que inclui 15 flexões, 32 abdominais e uma corrida de 2,4 km em até 14 minutos.

Com um investimento sem precedentes de US$ 75 bilhões, o objetivo do governo é dobrar o efetivo de agentes de imigração para 10 mil até o início do próximo ano. Para atrair mais candidatos, o ICE passou a oferecer incentivos como perdão de dívidas estudantis e bônus de US$ 50 mil, o que resultou em mais de 150 mil inscrições apenas neste ano. No entanto, a dificuldade dos candidatos em atender aos requisitos físicos tem atrasado o processo de contratação.

“É patético”, afirmou um funcionário de carreira do ICE à revista, ressaltando que as exigências são o mínimo esperado para qualquer agente.

O Departamento de Segurança Interna (DHS), responsável pelo ICE, declarou que os candidatos com dificuldades representam apenas uma pequena parcela do total e que a maioria das novas vagas será preenchida por profissionais já experientes em segurança pública, que passam por um processo de contratação acelerado.

A pressão para aumentar o número de prisões diárias de imigrantes, que segundo fontes do governo chega a uma meta de 3 mil detenções por dia, levou a Casa Branca a flexibilizar ainda mais os critérios de seleção. Foram eliminadas exigências como proficiência em espanhol e o limite de idade, que antes restringia o ingresso ao ICE a pessoas entre 21 e 40 anos.

Críticos alertam que a redução dos padrões de contratação e treinamento pode resultar em mais abusos por parte dos agentes, algo que já foi registrado durante a intensificação das deportações no governo Trump. O senador democrata Dick Durbin, de Illinois, enviou uma carta à secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, classificando as mudanças como “inaceitáveis” e prevendo aumento de má conduta entre os agentes. Ele também criticou o enfraquecimento dos órgãos internos de fiscalização do ICE.

A dificuldade em recrutar pessoal fisicamente apto não é exclusiva do ICE. Forças armadas como o Exército e a Marinha dos EUA também vêm enfrentando desafios semelhantes há anos. Um estudo do Pentágono revelou que mais de 75% dos americanos entre 17 e 24 anos não são elegíveis para o serviço militar, seja por excesso de peso, reprovação em testes de aptidão, problemas de saúde física ou mental, ou antecedentes criminais.

Diante desse cenário, algumas forças relaxaram regras de recrutamento ou criaram programas de condicionamento físico para candidatos. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, chegou a criticar publicamente a presença de oficiais acima do peso em cargos de liderança, defendendo padrões mais rígidos e uma cultura militar baseada no chamado “espírito guerreiro”.

Enquanto parte dessas mudanças é justificada por estratégias de segurança, a administração Trump também demonstra preocupação com a imagem pública das forças de segurança. Recentemente, Hegseth comemorou a dispensa de soldados da Guarda Nacional do Texas considerados acima do peso, afirmando que “os padrões estão de volta ao Departamento de Guerra”.

Foto: Getty Images

Fonte: Independent

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