A polícia de Worcester está sob intenso escrutínio após a divulgação de um relatório explosivo do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que detalha acusações de violações de direitos civis, uso excessivo de força e até condutas sexuais impróprias em investigações de prostituição. Embora o relatório tenha provocado críticas da liderança policial e autoridades municipais, documentos judiciais mostram que Worcester já pagou mais de US$ 1,1 milhão em acordos para resolver processos relacionados a essas acusações.
Entre os casos citados, está o de um pastor de 55 anos, Joseph Rizzuti Sr., que foi imobilizado e atingido por uma taser dentro de sua própria igreja, enquanto estava deitado no chão, após criticar os policiais. Apesar de o Departamento de Justiça classificar o uso de força como “gratuito e retaliatório”, uma investigação interna não encontrou irregularidades. A família de Rizzuti entrou com um processo, que ainda está em andamento.
Outro exemplo envolve Christopher Ayala-Melendez, que foi atacado por um cão policial enquanto tentava entrar em seu apartamento em 2019. Vídeos contradiziam o relato oficial dos policiais, e Ayala-Melendez recebeu um acordo de US$ 275 mil. No entanto, a cidade só tomou medidas contra o policial envolvido mais de um ano após o incidente, recomendando uma suspensão de 40 dias por apresentar um relatório falso.
O relatório também menciona casos de policiais usando spray de pimenta e socando suspeitos algemados, como o de Richard Jellyman, um homem com diabetes que sofreu uma crise e perdeu o controle do carro. Após ser detido, ele foi socado no rosto por um policial. Embora a investigação interna tenha criticado a falta de precisão no relato do incidente, não houve punição significativa.
Críticos afirmam que o padrão de comportamento revelado pelo relatório indica uma cultura de impunidade. “Isso mostra problemas muito graves com a escalada desnecessária de força e a fabricação de evidências”, disse o advogado de direitos civis Hector Piñeiro.
Enquanto isso, defensores da polícia, incluindo o sindicato dos patrulheiros, classificaram o relatório como “difamatório e impreciso”. O advogado da cidade, Brian T. Kelly, criticou a falta de identificação de oficiais específicos no relatório, dizendo que ele apresenta “alegações amplas sem provas concretas”.
Apesar das críticas, o gerente da cidade, Eric Batista, classificou os achados do Departamento de Justiça como “chocantes e inaceitáveis”. Ele destacou que a cidade já começou a implementar reformas, incluindo a criação de uma linha direta para denúncias de má conduta policial e novos protocolos para lidar com acusações de má conduta sexual.
A investigação federal ainda pode levar a ações legais contra o departamento se as mudanças prometidas não forem realizadas, ressaltando a necessidade de maior responsabilidade e transparência no policiamento em Worcester.