Senadores da Geórgia cobram explicações sobre mortes em centros de detenção de imigrantes

Por Ximena Bustillo – NPR

Os senadores democratas da Geórgia, Jon Ossoff e Raphael Warnock, solicitaram formalmente à secretária do Departamento de Segurança Interna (DHS), Kristi Noem, informações detalhadas sobre as recentes mortes registradas em centros de detenção de imigrantes nos Estados Unidos. O pedido, feito por meio de uma carta compartilhada com exclusividade à NPR, destaca preocupações com as condições enfrentadas pelos detidos.

Segundo os parlamentares, desde o início do governo Trump, 15 pessoas morreram sob custódia em centros de detenção de imigração, sendo que 10 dessas mortes ocorreram apenas entre janeiro e junho deste ano. Ossoff e Warnock afirmam que esse é o maior número de óbitos já registrado nos primeiros seis meses de qualquer ano, de acordo com dados públicos.

“Independentemente das opiniões sobre políticas de imigração ou controle de fronteiras, acredito que a maioria dos americanos não deseja que pessoas sob custódia dos EUA sejam maltratadas”, declarou Ossoff em entrevista à NPR.

O Departamento de Segurança Interna, por sua vez, informou por e-mail à NPR que “todas as mortes sob custódia são trágicas, levadas a sério e devidamente investigadas pelas autoridades”. O órgão também ressaltou o compromisso em manter ambientes seguros e humanos para os detidos, além de responder a comunicações oficiais por canais apropriados.

A carta dos senadores foi enviada após a divulgação, em julho, de um relatório elaborado por Ossoff, que aponta violações de direitos humanos em centros de detenção, incluindo maus-tratos a crianças, cidadãos americanos e mulheres grávidas. O DHS contestou amplamente as acusações.

Nos últimos meses, o governo federal acelerou a ampliação do número de vagas nos centros de detenção, após o Congresso aprovar bilhões de dólares em recursos adicionais. Apesar disso, relatos de superlotação, falta de higiene e dificuldades no acesso a alimentação e cuidados médicos têm se multiplicado. Em meados do ano, mais de 50 mil pessoas estavam detidas, embora a capacidade oficial fosse de 46 mil vagas.

Para lidar com a demanda, o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) anunciou a utilização de bases militares e parcerias com estados como Indiana, Nebraska e Louisiana. A medida, no entanto, tem sido alvo de críticas de defensores dos direitos dos imigrantes e de parlamentares democratas.

As preocupações aumentaram após cortes de pessoal em setores responsáveis pela fiscalização dos direitos civis, incluindo a redução de equipes no Escritório do Ombudsman de Detenção de Imigração, órgão que supervisiona as atividades do ICE e da Alfândega e Proteção de Fronteiras.

Durante uma audiência no Congresso em maio, o diretor interino do ICE, Todd Lyons, afirmou que todas as mortes sob custódia são rigorosamente investigadas e que a agência está comprometida com a transparência, prometendo tornar públicas as informações sobre os casos, conforme exigido pelo Legislativo.

No entanto, Ossoff e Warnock alertam, na carta, para atrasos na divulgação desses dados. Eles destacam que o ICE não está cumprindo seus próprios padrões, que determinam a publicação de um aviso provisório sobre qualquer morte de detido no site da agência em até 48 horas após o ocorrido.

Recentemente, o ICE confirmou, por meio de comunicados à imprensa, a morte de um cidadão mexicano em 31 de agosto, mas o anúncio só foi feito dois dias depois. Outro detido morreu em 8 de setembro, com o comunicado sendo divulgado sete dias após o falecimento. Nenhum dos casos consta ainda no rastreador oficial de mortes do ICE. Além disso, um homem detido pela agência morreu na última quinta-feira no condado de Nassau, segundo informações da imprensa local.

Foto: Elijah Nouvelage/AFP via Getty Images

Fonte: NPR

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