Trump assina ordem executiva para cortar verbas federais da PBS e NPR, acusando emissoras de “propaganda radical”

O presidente Donald Trump assinou, nesta quinta-feira, uma ordem executiva que busca encerrar o financiamento federal destinado à NPR (National Public Radio) e à PBS (Public Broadcasting Service), duas das maiores redes de mídia pública dos Estados Unidos. A medida faz parte de uma ofensiva do governo contra as emissoras, que vêm sendo criticadas por Trump e por parlamentares republicanos, sob a acusação de promoverem um jornalismo com viés ideológico.

A ordem instrui a Corporation for Public Broadcasting (CPB), entidade responsável por repassar os recursos públicos, a cortar o financiamento direto e, “na medida do possível”, também o indireto. A CPB, no entanto, é uma organização privada e, segundo sua CEO, Patricia Harrison, não está sujeita à autoridade direta do presidente. A entidade, inclusive, entrou com um processo contra o governo após Trump tentar destituir três membros do seu conselho.

A PBS e a NPR reagiram duramente à decisão. Em nota, a CEO da PBS, Paula Kerger, classificou a ordem como “claramente ilegal” e disse que a medida ameaça o acesso da população a conteúdos educativos que vêm sendo oferecidos há mais de 50 anos. A NPR também afirmou que pretende contestar a decisão por todos os meios legais, defendendo o direito de continuar prestando serviços informativos e de utilidade pública.

Atualmente, a CPB distribui cerca de US$ 535 milhões por ano em recursos públicos para emissoras de rádio e TV em todo o país, incluindo produtores de conteúdo educativo e cultural. Muitas dessas emissoras oferecem acesso gratuito a notícias, alertas de emergência e programação variada, especialmente em áreas rurais, onde são, muitas vezes, os únicos veículos de comunicação locais.

Durante seu primeiro mandato, Trump já havia proposto o corte total do financiamento da CPB em seus orçamentos anuais, mas o Congresso sempre manteve os repasses. Agora, em seu segundo mandato, ele está adotando uma postura mais agressiva, acusando as emissoras de espalharem “propaganda radical disfarçada de notícia”.

Além do corte de verbas, a nova ordem também determina que o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., investigue possíveis práticas discriminatórias nas contratações da NPR e PBS. Também orienta que todas as agências federais identifiquem e encerrem qualquer tipo de repasse, direto ou indireto, para essas organizações.

Especialistas alertam que, caso o Congresso acate a proposta de corte, emissoras maiores podem sobreviver com doações e outras fontes de receita, mas as menores, especialmente em regiões rurais, correm o risco de fechar as portas.

Foto: Yuri Gripas/Abaca/Bloomberg/Getty Images

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