Trump recua em promessa e agora sugere que Dreamers se deportem voluntariamente

Por Shelby Bremer – NBC10 Boston

A administração Trump sinalizou uma mudança significativa em sua política em relação aos beneficiários do DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals), programa que protege da deportação imigrantes que chegaram aos Estados Unidos ainda crianças. Agora, o governo está incentivando esses indivíduos a se auto-deportarem, oferecendo até mesmo incentivos financeiros para que deixem o país voluntariamente.

“DACA não concede nenhum tipo de status legal nos Estados Unidos”, declarou Tricia McLaughlin, secretária assistente do Departamento de Segurança Interna (DHS), em comunicado oficial. “Qualquer estrangeiro ilegal que seja beneficiário do DACA pode ser preso e deportado.”

Criado por ordem executiva em 2012, o DACA oferece proteção temporária contra deportação e autorização de trabalho para pessoas que chegaram ao país ainda menores de idade. No entanto, o programa não garante um caminho direto para a cidadania. Segundo o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), havia cerca de 537.730 beneficiários ativos do DACA até 30 de setembro do ano passado.

A nova postura do DHS inclui o uso do aplicativo CBP Home para facilitar a saída voluntária do país. O governo está oferecendo US$ 1.000 e uma passagem aérea gratuita para aqueles que optarem por se auto-deportar. “Encorajamos todos os que estão aqui ilegalmente a aproveitar essa oferta e reservar a chance de retornar legalmente aos EUA para viver o sonho americano. Caso contrário, serão presos e deportados sem possibilidade de retorno”, diz o comunicado.

A declaração do DHS veio após questionamentos sobre o caso de Erick Hernandez, um beneficiário do DACA que foi detido após, segundo ele, cruzar acidentalmente a fronteira com o México. Hernandez, que foi trazido de El Salvador aos 14 anos, vive em Los Angeles, é casado com uma cidadã americana e aguarda o nascimento de seu segundo filho.

No dia 1º de junho, enquanto levava duas pessoas até a fronteira em San Ysidro, ele teria perdido a última saída da rodovia e, sem querer, cruzado para o lado mexicano. Ao tentar retornar imediatamente, foi detido por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) e colocado em processo de remoção acelerada, que não permite liberdade sob fiança. Atualmente, ele está detido no Centro de Detenção de Otay Mesa.

O DHS alegou que Hernandez teria se auto-deportado e tentado reentrar ilegalmente no país, identificando-o erroneamente como cidadão mexicano. A advogada de Hernandez, Valerie Sigamani, contestou a versão oficial, afirmando que ele é salvadorenho e que sua saída dos EUA não foi intencional. “Erick não deixou o país de forma consciente ou voluntária. Ele não sabia que estava tão próximo da fronteira e não tinha intenção de abandonar seu status de DACA”, disse.

Sigamani também relatou que agentes americanos teriam solicitado US$ 800 para permitir o retorno de Hernandez aos EUA, valor que ele não tinha no momento. A advogada registrou uma denúncia junto ao FBI.

Em resposta, o DHS afirmou que leva todas as alegações de má conduta a sério e que o caso foi encaminhado ao Escritório de Responsabilidade Profissional da CBP para investigação.

“A administração havia prometido proteger os beneficiários do DACA e buscar soluções para garantir seu status no país”, disse Sigamani. “É lamentável que agora o próprio DHS esteja incentivando esses jovens a se auto-deportarem.”

Foto: Shelby Bremer, da NBC 7

Fonte: NBC10 Boston

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