Por Hollie Silverman – Newsweek
Diversas marcas populares de massas italianas podem desaparecer dos supermercados dos Estados Unidos caso entre em vigor a tarifa de importação de 107% proposta pelo presidente Donald Trump. A medida, considerada a mais alta já aplicada sobre um alimento vindo da Itália, preocupa consumidores, importadores e autoridades, segundo informações de diversos veículos de imprensa.
A tarifa é resultado de uma investigação antidumping conduzida pelo Departamento de Comércio dos EUA, iniciada em agosto de 2024 após denúncias das empresas americanas 8th Avenue Food & Provisions e Winland Foods. Elas alegam que fabricantes italianos estariam vendendo massas a preços injustamente baixos, prejudicando a concorrência local.
Em setembro de 2025, o Departamento de Comércio divulgou um parecer preliminar propondo uma tarifa antidumping de 91,74% sobre 13 grandes produtores italianos, além da tarifa-base de 15% já aplicada a produtos da União Europeia, totalizando 107%. Segundo as autoridades, marcas como La Molisana e Pasta Garofalo não forneceram as informações solicitadas e, por isso, todas as 13 empresas foram enquadradas na mesma taxa.
As marcas afetadas, de acordo com registros oficiais e reportagens, incluem: La Molisana, Pasta Garofalo, Rummo, Agritalia, Aldino, Antiche Tradizioni Di Gragnano, Barilla (com menor impacto para produtos fabricados nos EUA), Gruppo Milo, Pastificio Artigiano Cav. Giuseppe Cocco, Pastificio Chiavenna, Pastificio Liguori, Pastificio Sgambaro e Pastificio Tamma.
A Itália exporta mais de US$ 700 milhões em massas para os EUA anualmente, sendo o principal fornecedor estrangeiro do produto no país. Caso a tarifa seja implementada, importadores e varejistas americanos devem enfrentar custos significativamente maiores, o que pode resultar em preços elevados para o consumidor final ou até mesmo na retirada das massas italianas das prateleiras.
Jim Donnelly, diretor comercial da Rummo USA, afirmou ao The New York Post que a empresa não pretende repassar todo o aumento ao consumidor, mas alertou que o preço de um pacote pode saltar de US$ 3,99 para US$ 7,99. “Isso será devastador para todas as empresas italianas de massas, não só para a Rummo. Vamos absorver o impacto até que essa decisão equivocada seja revista”, declarou.
A reação na Europa foi imediata. O comissário de Comércio da União Europeia, Maroš Šefčovič, criticou a investigação americana e sinalizou a possibilidade de levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro das Relações Exteriores da Itália e entidades como a Coldiretti classificaram a tarifa como um “golpe mortal para o Made in Italy”, alertando para graves consequências nas exportações e nos preços dos alimentos.
Em nota publicada pelo Il Sole 24 Ore, a Unione Italiana Food, entidade do setor, considerou a tarifa de 91,74% um insulto ao produto símbolo da Itália, afirmando que a decisão é política, não técnica.
O Departamento de Comércio dos EUA deve concluir a revisão do caso até o fim de dezembro de 2025 ou início de janeiro de 2026. Caso a tarifa seja confirmada, entrará em vigor já no início de 2026. Enquanto isso, produtores italianos pressionam por uma revisão da medida, e autoridades europeias avaliam recorrer formalmente à OMC.
Diante desse cenário, varejistas e importadores americanos se preparam para possíveis rupturas no abastecimento, aumento de preços e até a ausência de massas italianas nas lojas, caso a tarifa seja mantida.
Foto: Stefano Guidi/Getty Images
Fonte: Newsweek






