BOSTON — A chegada da primavera pode ser linda, com flores desabrochando por todos os lados, como no Arnold Arboretum, em Boston. Mas para muitas pessoas, essa época do ano também significa o início de um período difícil: o das alergias sazonais.
Joan, por exemplo, só consegue apreciar a paisagem usando máscara, chapéu e óculos escuros. “Os sintomas começam em março. É espirro, coceira no nariz, nos olhos, nas orelhas… tudo coça”, contou.
Ela faz parte de um número cada vez maior de pessoas que enfrentam sintomas alérgicos, muitas delas pela primeira vez. Segundo a cientista Mary Johnson, pesquisadora da Escola de Saúde Pública de Harvard, a mudança climática é uma das principais responsáveis por esse aumento.
“Há um crescimento geral nas doenças alérgicas. Cerca de um em cada três adultos tem algum tipo de alergia, e uma em cada quatro crianças também”, explicou Johnson.
De acordo com ela, a temporada de alergias aumentou em cerca de três semanas nos últimos 50 anos. Mas não é só o tempo de exposição que está maior — a quantidade de pólen no ar também subiu, e o pólen está mais forte, mais agressivo. Isso se deve ao aumento dos níveis de dióxido de carbono e das temperaturas.
A meteorologista Shiri Spear explica que os níveis de pólen podem variar muito ao longo da semana. “Quando chove, até ajuda a limpar o ar. Mas, em casos de chuva muito forte, o pólen pode se fragmentar, o que pode piorar os sintomas”, disse.
Esse fenômeno pode levar a um quadro chamado “asma de tempestade”, quando as partículas de pólen se espalham ainda mais pelo ar durante tempestades intensas.
Spear também alertou que alergias sazonais nem sempre são algo com que se nasce. “Elas podem se desenvolver ao longo da vida. Então, em uma temporada forte como essa, é comum ver pessoas apresentando sintomas pela primeira vez.”
Marina Schiering já está acostumada com as alergias. “Antes mesmo de nevar, eu já estava com sintomas. Depois passou, mas agora voltou. Fica indo e voltando”, contou. Para lidar com isso, ela recorre a antialérgicos, mas não tem esperança de que a situação vá melhorar.
“Eu acho que a mudança climática é a razão de tudo estar tão intenso nos últimos anos. O clima está mudando de forma muito drástica”, concluiu.
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