Governo dos EUA vai monitorar redes sociais para barrar vistos e benefícios de imigrantes acusados de antissemitismo

O governo dos Estados Unidos anunciou uma nova política que permite negar vistos e pedidos de residência permanente (green card) com base em postagens nas redes sociais que sejam consideradas antissemitas. A orientação, divulgada pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) com efeito imediato, afeta imigrantes de várias categorias, incluindo estudantes estrangeiros e profissionais vinculados a instituições educacionais.

De acordo com o DHS, qualquer conteúdo online que demonstre apoio, promoção ou defesa de terrorismo antissemita, organizações terroristas ou atividades antissemitas poderá ser utilizado como critério negativo na análise de pedidos imigratórios. A regra se baseia na definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, que inclui manifestações retóricas ou físicas de ódio contra judeus.

“Não há espaço nos Estados Unidos para simpatizantes de terroristas do resto do mundo, e não temos obrigação de admiti-los ou deixá-los ficar aqui,” declarou Tricia McLaughlin, secretária-assistente de assuntos públicos do Departamento de Segurança Interna. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, também foi enfática: “Quem pensa que pode vir aos EUA e se esconder atrás da Primeira Emenda para defender violência antissemita e terrorismo, pense de novo. Vocês não são bem-vindos aqui.”

Críticos da nova política, no entanto, alertam para os riscos à liberdade de expressão e ao uso político da medida. Especialistas em imigração e direitos civis afirmam que a definição de “atividade antissemita” é vaga e pode ser interpretada de forma ampla, o que abre espaço para perseguição a opiniões políticas legítimas, especialmente em um momento de tensão global sobre o conflito entre Israel e Palestina.

Casos recentes mostram como a política já está sendo aplicada. Um residente legal teve o green card revogado após participar de protestos pró-Palestina na Universidade Columbia. Em outro caso, uma estudante da Universidade Tufts teve seu visto cancelado por coassinar um artigo de opinião em apoio ao movimento palestino.

Segundo o advogado Stephen Yale-Loehr, especialista em imigração e ex-professor da Universidade Cornell, “Isso vai além da segurança nacional. É uma tentativa clara de punir ideias com as quais o governo não concorda”, afirmou.

O presidente Donald Trump prometeu intensificar o controle sobre estudantes internacionais que participem de protestos que ele classifica como “pró-terroristas, antissemitas e antiamericanos”. O secretário de Estado Marco Rubio afirmou que mais de 300 vistos já foram revogados este ano com base nesses critérios.

Grupos de defesa da liberdade de expressão alertam para o “efeito inibidor” que a medida pode causar. “Estamos vendo uma mudança perigosa: de vetar riscos de segurança para punir ideias. Isso é preocupante em um país que, historicamente, valoriza a liberdade de expressão”, disse Tyler Coward, do grupo Foundation for Individual Rights and Expression.

Embora a Constituição dos EUA garanta proteção à liberdade de expressão para todas as pessoas em território americano, a aplicação desses direitos no contexto imigratório ainda é uma área legal pouco clara e frequentemente contestada nos tribunais.

Com a nova política, imigrantes que fizerem postagens críticas a Israel ou que participarem de movimentos pró-Palestina podem enfrentar barreiras significativas para permanecer nos Estados Unidos — mesmo que não tenham cometido nenhum crime.

Foto: Freepik

Share this post :

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *