Justiça condena líder de rede de prostituição de luxo em caso que expõe exploração e desigualdade

Han Lee, a mulher por trás de uma sofisticada rede de bordéis que operava em apartamentos de luxo em Cambridge e Watertown, Massachusetts, foi condenada a quatro anos de prisão federal. A sentença, proferida na última quarta-feira, marca o desfecho de um caso que atraiu atenção nacional e expôs a exploração de mulheres em uma indústria ilegal que movimentou milhões de dólares.

A juíza Julia E. Kobick, ao anunciar a decisão, enfatizou a vulnerabilidade das mulheres envolvidas, ressaltando que muitas delas “passaram muitos dias vendendo seus corpos para sexo com estranhos” devido às ações de Lee. A defesa havia solicitado uma pena de dois anos e meio, enquanto a acusação pedia seis anos. A juíza, no entanto, considerou que Lee, mesmo ciente das consequências, continuou a operar em um negócio ilegal e explorador.

Além da pena de prisão, Lee terá que pagar indenização a seis vítimas e devolver todo o lucro obtido com a rede de bordéis, que atendia a uma clientela de elite, incluindo autoridades eleitas, funcionários do governo, médicos, advogados e professores.

O caso, desmantelado em novembro de 2023, revelou detalhes sobre o funcionamento da rede. Lee, conhecida como “Hana”, recrutava mulheres, muitas delas imigrantes asiáticas, e as transferia entre apartamentos de alto padrão em Cambridge, Watertown e subúrbios de Washington. Os “encontros” eram vendidos por centenas de dólares a hora, e os clientes passavam por um rigoroso processo de verificação.

Apesar de Lee alegar que buscava proteger as profissionais do sexo, inclusive oferecendo seus próprios serviços, a acusação a descreveu como a líder de um “vasto empreendimento criminoso baseado na exploração”. Documentos judiciais revelaram que a rede movimentou mais de US$ 5,6 milhões em cerca de 9.450 “encontros”, tornando-se uma das mais lucrativas da Costa Leste dos Estados Unidos.

A trajetória de Lee, desde uma infância pobre na Coreia do Sul até a chegada aos EUA e o envolvimento com a prostituição, foi apresentada pela defesa como um fator atenuante. Seu advogado argumentou que ela buscava criar um ambiente seguro e lucrativo para as mulheres, mas a promotoria enfatizou que Lee lucrava com a vulnerabilidade de mulheres que “não tinham escolha”.

O caso também levanta questões sobre a responsabilização dos clientes. Embora os promotores federais não tenham acusado os homens que pagaram por sexo, alegando que se trata de um crime estadual, a polícia de Cambridge iniciou processos contra 28 frequentadores assíduos dos bordéis. A divulgação de suas identidades, no entanto, foi adiada devido a recursos judiciais.

A condenação de Han Lee lança luz sobre a exploração e a desigualdade presentes na indústria do sexo, um submundo de luxo que, neste caso, movimentou milhões de dólares e envolveu pessoas em posições de poder e influência. A decisão da justiça representa um passo importante no combate a essa forma de crime, mas o debate sobre a responsabilização de todos os envolvidos, incluindo os clientes, continua.

Foto: John Tlumacki/Globe Staff

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