Pesquisa revela que buscas por “perda de peso” podem exibir anúncios do medicamento Ozempic, aprovado apenas para diabetes

Se você já pesquisou no Google por termos relacionados a “perda de peso”, é provável que tenha encontrado entre os primeiros resultados um site sobre o medicamento Ozempic. No entanto, o Ozempic não é aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para emagrecimento, sendo autorizado apenas para o tratamento do diabetes tipo 2. A presença do medicamento nesses resultados se deve a uma estratégia de publicidade conhecida como resultado de busca patrocinado.

Empresas farmacêuticas pagam para que seus sites apareçam entre os primeiros resultados quando usuários digitam certas palavras-chave. Segundo Daniel Eisenkraft Klein, pesquisador da Harvard Medical School e do Brigham and Women’s Hospital, os anúncios pagos funcionam como uma forma de “comprar” o topo das buscas, aproveitando o fato de que muitas pessoas recorrem aos motores de busca para esclarecer dúvidas sobre saúde.

Diferentemente da publicidade tradicional em revistas ou televisão, que é rigidamente regulada para garantir a divulgação de riscos e impedir propaganda enganosa, os resultados patrocinados online não são fiscalizados da mesma forma, já que a legislação ainda não acompanhou as mudanças tecnológicas.

O estudo conduzido por Eisenkraft Klein e colegas, publicado na revista médica JAMA Network Open, analisou dois anos de anúncios pagos do Ozempic feitos pela fabricante Novo Nordisk. Eles descobriram que 11% das palavras-chave pagas pela empresa continham o termo “weight” (peso), mesmo sem aprovação para uso em emagrecimento. Além disso, a empresa pagou por anúncios que apareciam em buscas relacionadas a medicamentos concorrentes, como Trulicity e Mounjaro, da Eli Lilly.

Um exemplo citado foi o patrocínio da busca “Kelly Clarkson weight loss”, possivelmente para atrair pessoas interessadas em celebridades e emagrecimento.

Embora o estudo tenha se concentrado apenas no Ozempic, os pesquisadores sugerem que mais investigações sejam feitas sobre anúncios patrocinados de outros medicamentos.

Eisenkraft Klein alerta os consumidores para não confiarem cegamente nos primeiros resultados do Google, recomendando que busquem fontes independentes, como centros médicos acadêmicos, ao pesquisar sobre medicamentos.

Em resposta, a porta-voz da Novo Nordisk, Liz Skrbkova, afirmou que o estudo distorce a abordagem da empresa, que utiliza práticas padrão do setor para alcançar consumidores, respeitando leis, regulamentos e padrões éticos para que pacientes encontrem informações confiáveis para decisões compartilhadas com profissionais de saúde.

Os Estados Unidos são um dos poucos países que permitem publicidade direta ao consumidor para medicamentos prescritos. Em setembro, a administração Trump pediu à FDA que intensificasse a fiscalização sobre anúncios de medicamentos, devido à falta de divulgação adequada dos riscos. Desde então, a agência enviou diversas notificações de advertência a empresas.

A FDA reforça seu compromisso em garantir que a comunicação promocional de medicamentos seja “verdadeira, equilibrada e precisa” e incentiva denúncias por meio do programa Bad Ad.

Por sua vez, o Google declarou que possui políticas claras para anúncios de medicamentos prescritos e que os anunciantes são responsáveis por garantir que suas estratégias estejam em conformidade com as normas regulatórias.

Foto: David J. Phillip/AP

Fonte: NPR

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