Remédios para emagrecer podem ajudar nocombate ao alcoolismo, dizestudo

Medicamentos usados para perda de peso, como a semaglutida e a liraglutida, podem ter um benefício inesperado: ajudar a diminuir o consumo de álcool. É o que aponta um estudo internacional feito com 262 pessoas com obesidade, publicado recentemente na revista Diabetes, Obesity and Metabolism e apresentado no Congresso Europeu de Obesidade, na Espanha.

As duas substâncias fazem parte da classe de medicamentos conhecidos como agonistas do GLP-1, que imitam um hormônio liberado após as refeições e atuam no cérebro reduzindo a sensação de recompensa ao comer ou beber. Isso pode levar a uma diminuição tanto do apetite quanto da vontade de consumir bebidas alcoólicas.

Entre os participantes que relataram consumo regular de álcool, a ingestão semanal caiu em média 68% após o início do tratamento — de cerca de 23 para 8 doses por semana. Nenhum dos pacientes aumentou o consumo após começar a medicação.

Segundo o professor Carel Le Roux, da University College Dublin e coautor do estudo, essa resposta sugere que o receptor de GLP-1 pode ser um novo alvo terapêutico para tratar o transtorno por uso de álcool. Os pacientes relataram que, ao beber, se sentiam cheios mais rapidamente, bebiam mais devagar e até deixaram de gostar tanto do sabor das bebidas alcoólicas. Alguns também disseram que as ressacas ficaram mais intensas.

Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores alertam que o estudo tem limitações: o número de participantes foi pequeno, os dados de consumo de álcool foram autorrelatados e não houve grupo de controle. Ensaios clínicos mais amplos e controlados ainda são necessários para confirmar o efeito e, futuramente, aprovar o uso desses medicamentos no tratamento do alcoolismo.

Hoje, menos de 10% das pessoas com transtorno por uso de álcool recebem tratamento adequado, e muitas acabam recaindo. Os medicamentos atualmente aprovados para tratar o problema exigem uso frequente e têm baixa adesão. Já os agonistas do GLP-1 são aplicados apenas uma vez por semana, o que pode facilitar o tratamento.

Especialistas que não participaram do estudo, como a médica Fatima Cody Stanford, do Massachusetts General Hospital, destacam que os resultados abrem uma nova possibilidade no combate ao alcoolismo, além dos benefícios já conhecidos no controle da obesidade e do diabetes tipo 2.

Foto: iStock

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